O clandestino Reginaldo Faria Leite - foto Rejane Travassos
De repentemente sinto que três dinamarqueses estão me segurando pelas patas, outro me esguelando, tudo porque insanamente tentei resistir a ordem de prisão, ou seja, minha tentativa de exílio na Dinamarca deu errado, tudo planejadinho na CIMADE. Era mais uma furada. Nesse entrevero ai, mordi o braço do policial dinamarquês, aquele que me esguelava. Só o escândalo no Hotel Korona poderia tornar público esse caso de um brasileiro, do Reginaldo Faria Leite, o mesmo Daniel de Andrade Simões. Foi arrastado, algemado nos pés mãos ao mesmo tempo e trancafiado . Foi para xilindró. Sobreviveu por 40 dias á base de batatas cozidas em redinhas. Leopoldo Paulino e sua companheira Bete e seu filho também aguardavam asilo, viviam rodando a Europa em busca de asilo, eles foram meus salvadores. Leopoldo (Jaiminho) criou um grande escândalo, ao ponto de oferecerem imediatamente asilo e eles recusarem.
Eu presumia que as “volantes” andavam a minha procura. Havia escacapo das prisões nos quartéis do VI Exército e Lemos de Brito em Salvador, passando pelo Chile.
Na França outros amigos tentavam me soltar, entre estes, um grupo da elite de lutas, intelectuais que lutavam contra a ditadura no Brasil Estavam em Paris pela mesma razão. Se protegendo e ao mesmo tempo, estudando e lutando contra as barbaridades na América Latina.
Bueno amigos, isto faz tempo, muito tempo, aconteceu em1973 ...
Para finalizar os dinamarqueses me devolveram para Alemanha. Após ficar numa jaula na estação de trem, aguardando a hora. Por vezes me levaram de volta da Estação de trem para prisão. Esperei Godot, não veio, acho que ele furou o ponto...
Finalmente me drogaram com não sei o quê, e me puseram num vagão de trem. Pela manhã me vejo desembarcando em Paris. Desce mais um nordestino voltando de uma mancada nos países dos vikings.
Daniel de andrade simões ou Reginaldo Faria Leite
Tradução da notícia do jornal Dinamarquês
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