Nemésio e Sônia - foto daniel de andrade simões
Havia um trabalho de base operária no meio metalúrgico de Salvador a partir da Fábrica Nacional de Vagões, onde Nemésio era delegado sindical, e de Feira de Santana, estendendo-se até Senhor do Bonfim, coordenado por Nemésio, dos petroleiros em Salvador e região produtora de petróleo, coordenado por Daniel. Em Alagoinhas funcionava um setor de treinamento de guerrilha rural, desativado após a morte de Virgínia, integrante da dissidência baiana do PCB que se ligaria depois ao MR-8, falecida num acidente de automóvel quando se dirigia a área de treinamento com Sérgio Landulfe Furtado.
Nemésio, uma espécie de faz-tudo e com capacidade organizativa assombrosa, era ainda responsável pelo setor camponês em algumas áreas, que não chegamos a conhecer nem ter contato e morreram com ele, como a área camponesa de Senhor do Bonfim, à exceção da área campesina da fazenda Santa Madalena onde fomos presos e que era tocada por Claudionor Fróes Couto, chegado à organização através de Amílcar Baiardi.
...Os sacrifícios nada representavam para nós e eu transitava de uma para outra tarefa revolucionária desconsiderando noites sem dormir, desconforto, fome, frio, enquanto era cada vez maior a possibilidade de prisão.
Não era uma decisão tipo "maria-vai-com-as-outras", mas o resultado de reflexão sobre minha breve passagem pelo mundo e o dever de deixar algo como exemplo para as gerações futuras. O revolucionário que se forjava na militância naquele princípio de 1969 sabia o que queria e dedicava-se à construção do socialismo com abnegação e respeito...
(páginas 120 e 121 do Quem Samba Fica - Memórias de um Ex-Guerrilheiro, Rui Patterson)
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