Clô, Alfredo Fedrizzi e Jorge Olavo Carvalho Leite
cooJornalistas Antonio, do comercial e homenageado Osmar Trindade
Lenora Vargas ... faria tudo de novo mas, mudaria o mundo ...e assim foi...
uma grande expectativa pela sua provável "adentração triunfal" no recinto da exposição do coojornal. Isso ficou sem ocorrer... Lenora , como você maltrata o poLvo.Companheiro blogueiro do http:/http://www.tijoladas.net//
Colegas jornalistas Simone, fotógrafos Ricardo Stricher e Marco Nedeff
Jornalistas Elmar Bones e Jorge Polidoro, um dos grandes artistas gráficos da Coojornal responsável por excelentes capas
Timão de jornalistas com alguns desfalques: à direita sem jogador, no centro alguns, à esquerda a maioria, no ataque, quase ninguém, goleiro não há, há vagas para mais candidatos.
Coojornal, links do passado conectados ao presente
por Silvia Marcuzzo * (silvia@econvicta.com.br)
Os tantos assuntos que foram levantados pelos “agitos” do lançamento da obra Coojornal – Um Jornal de Jornalistas sob o Regime Militar, são tão atuais, urgentes e talvez muito graves que os dos anos de chumbo do saudoso tablóide. O lançamento do projeto multimídia envolveu uma exposição de capas do periódico, um documentário, um site e uma publicação com 33 reportagens escolhidas a dedo entre as 78 edições do Coojornal. Um tablóide feito por uma cooperativa formada por jornalistas que arrebanhou prêmios, lutou pela sobrevivência e deixou muitos órfãos.
O trabalho foi organizado por protagonistas daquele momento histórico: Rafael Guimaraens, o Rafinha, principal autor da Editora Libretos; Elmar Bones, vulgo Bicudo, um jornalista que JÁmais se entrega às injustiças desencadeadas pelo fazer jornalístico; e Ayrton Centeno, ex-correspondente de muitos anos do Estadão em Porto Alegre (ainda dos tempos das sucursais).
Para quem se interessa por jornalismo, difusão de informações etc, o encontro de titãs da época em que a busca pela notícia era feita olho no olho representou uma sacolejada em quem se importa com a qualidade e a quantidade de informações relevantes. E uma das questões que todos deixaram claro é que a força motriz do trabalho era a realização pessoal de profissionais que queriam trazer à tona questões importantes para a coletividade. O revolucionário jornal, que chegou a ter uma tiragem de 33 mil exemplares, foi emblemático por vários motivos.
Entretanto, o mar de poltronas do Dante Barone, denotou que algo errado está pairando. Não só naquele momento.
A passividade deve estar assombrando as almas dos tantos conterrâneos que outrora entoaram com orgulho o “sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra”, do Hino Riograndense. No evento, as cabeças brancas e as de cabelo ralo predominavam. E um público menor ainda permaneceu no teatro até o final do vídeo com uma hora de duração e das apresentações recheadas de nostálgicos “flashbacks”. Será culpa da sexta-feira gelada e escura?
À mesa, personagens da história do Jornalismo nacional que ainda tem muita poeira que levantar (eles têm quilometragem rodada, mas são semi-novos, com motores recauchutados): Bones, uma espécime rara a ser estudada pela academia, tem um fôlego incansável, mesmo sob os constantes açoites dos quais vem se defendendo; Jorge Polydoro, um arquiteto, talvez o único diagramador dono de empresa jornalística que esses pagos tenham visto, proprietário da Plural, editora das revistas Amanhã e Aplauso; José Antonio Vieira da Cunha, empresário da área “publijornalística”, Vieirinha, cujo sangue das rotativas vem de família e que edita talvez o veículo mais lido pelos colegas, o portal Coletiva.net; Centeno e Rafa, que não abandonam até hoje “a dor e a delícia” de serem repórteres.
Além de algumas expressões da comunicação, eles deram um show, arrancaram risadas, lágrimas e deixaram as almas sensíveis que ainda se importam com o rumo das configurações de coração apertado. Tão emocionante, com tanta substância, com links do passado completamente conectados ao presente, que me incomodaram de tal forma, que inúmeros questionamentos desabrocharam sem parar.
E o futuro? Atrás de mim vi apenas DOIS estudantes de Jornalismo naquele imenso Dante Barone, amplo anfiteatro da Assembleia Legislativa gaúcha, acompanhando aquele espetáculo. A editora Clô Barcellos acrescentou que apenas 20, dos 300 certificados providenciados, foram pedidos por estudantes. Sem falar que não vi qualquer colega de veículo. Nenhum professor universitário (ou melhor, vi o ex-vice governador Antônio Hohlfedt, que saiu na metade). E para não dizer que não encontrei representantes de movimentos sociais, vi o Celso Marques, que durante anos foi presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan).
Não me contive e fui obrigada a indagar para aquela mesa coomultifacetada algumas das minhas inquietações diante da nossa realidade de informações pasteurizadas, mantidas por um jornalismo “declaratório”, como bem conceituou Bones. Onde anda o tesão pelo fazer, pela entrevista, pelo contato olho no olho? Quais universidades dão a real sobre o mercado? Parece que o IPA dá noções de empreendedorismo, mas e as outras? A ousadia de colocar em prática os sonhos, em vez de ser mais um que tem como destino a carteira assinada em alguma assessoria ou redação é algo bem difícil. Talvez por isso tanta gente acabe abandonando a profissão?
Bones soltou o verbo. E comentou muitas coisas que me fizeram e ainda farão refletir por um bom tempo. Para ele, essa profusão de blogs, de indivíduos que relatam as coisas sob sua ótica não tem o mesmo peso de uma reportagem, de um material publicado com o aval de um corpo de redação. Bones salientou uma questão nevrálgica para nós jornalistas. A responsabilidade da qualidade do trabalho é do jornalista e não do veículo onde ele atua.
Participações importantes temperaram a discussão. Alfredo Fedrizzi, presidente da TVE e FM Cultura nos meus tempos de estágio na gloriosa rádio FM Cultura e TVE, confessou que deixou de dar aula na graduação porque a cada ano o nível dos alunos piorava. E o melhor assessor de imprensa com quem já tive contato na vida (nos meus tempos de repórter do Correio do Povo), o Jorge Olavo Carvalho Leite, também cria do Coojornal, acrescentou meandros de histórias do Bicudo e sua trupe.
Vieirinha, que acompanha por tabela tudo que se passa nas “entradas e saídas” das salas de criação de agências e das redações de jornais, fez questão de deixar claro que o Coojornal foi resultado de planejamento e de estudos desde um ano antes de sair o primeiro exemplar, em 1974. Centeno convidou a todos para conferirem o acervo do Museu Hipólito José da Costa. Lá é imprescindível deixar os olhos e o coração abertos à proposta editorial da Folha da Manhã, extremamente atual e moderna.
Jamais conseguiria colocar aqui tudo que me tocou naquela noite. Mas alguma coisa me disse que apesar da ditadura, das dívidas, das máquinas aprendidas, dos imóveis perdidos (o coitadinho do meu professor Antoninho Gonzales uma vez me contou que perdeu um apartamento por causa da Coojornal), enfim dos rumos daquele empreendimento, é que os jovens idealistas daquela época eram bem mais plenos, recheados de aventura, do que os de hoje.
Se os de 40 tiveram seus “heróis mortos por overdose”, como lembrou o poeta Cazuza, os de 20, 30 anos, tiveram sua infância animada pela Xuxa. Será que isso contribuiu para tantos jovens estarem mais engajados à procura de um emprego “hora bunda” e com tarefas que possam ser resolvidas pelo Google do que com a qualidade da sua existência?
Enfim, o encontro largou várias pulgas que foram parar atrás da minha orelha. Tantas amigas já abandonaram a profissão por falta de perspectiva, tanta pauta explodindo nas esquinas, tanta informação relevante ignorada... Imediatamente já comecei a viajar em possibilidades, uma nova cooperativa (e o representante da Sicredi esteve lá dizendo que o caso do Coojornal precisa ser estudado, tem futuro)? E se todo mundo tivesse sua PJ?... E se um novo veículo surgisse, para que os experientes mostrassem um pouco do que sabem para os focas (desde que eles estejam no cio da busca pela notícia)? E os nomes?? Já me vieram vários... ACOOnteceJá, COOnline (esse foi citado pelo Polydoro), InCOOnformado, COOportal, ACOOrda RS, sei lá. Espero que toda essa viagem, minha e dos protagonistas da história do jornalismo não fique só no desabafo. Mas e será que alguém tem tempo hoje para se preocupar com isso?
Silvia Marcuzzo é jornalista.
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