Comício da Central do Brasil e o golpe de 64
Tânia Miranda, historiadora, mestre em educação
13 de março de 1964, duzentas mil pessoas no Rio de Janeiro, capital do País, atendem à convocação da Confederação Geral dos Trabalhadores e foram ouvir o Presidente. Os aplausos a João Goulart soaram como um alerta para as forças conservadoras.
A subida de Jango à presidência foi um compromisso conhecido como “experiência parlamentarista”. De um lado, concessões aos movimentos populares contra as antigas aspirações das Forças Armadas. De outro, foi resultado das concessões do próprio Jango, que concordou com as limitações ao seu Poder. A experiência falhou escancarando as contradições existentes dentro da própria coligação das classes dominantes.
A fase presidencialista, marcada pelo Plano Trienal e as Reformas de Base, representou uma tentativa de se criar as condições que permitissem a estabilização do capitalismo brasileiro. Sustentando-se no movimento sindical e no apoio de setores reformistas da burguesia, Jango oscila entre os dois polos e descontenta ambos. A classe trabalhadora não é mais a mesma do tempo do Estado Novo e começa a escapar do controle e da tutela da política burguesa. A burguesia não está mais disposta a novas experiências populistas. Suas facções se unem e apelam às forças conservadoras. Veio o golpe. A solução burguesa é posta em prática sob a proteção dos tanques de guerra.
Na madrugada de 1º de abril de 64, setores militares associados ao empresariado e parte da mídia unem-se aos Estados Unidos e golpeiam a democracia brasileira. O presidente João Goulart é deposto. Universidades, sindicatos, todos os espaços de representação popular são ocupados pela força das armas. Estudantes, trabalhadores, setores do clero, são indistintamente acuados, presos, torturados. Governadores, prefeitos, parlamentares são cassados. Ministros e servidores perdem seus cargos. Casas são invadidas, famílias desrespeitadas. Começa a era do terror. Pedro Domiense de Oliveira foi o 1º baiano morto após torturas no Quartel da 6ª Região Militar, em maio de 1964. Ditadura nunca mais! É a palavra de ordem, 50 anos depois.
foto reprodução daniel de andrade simões
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