sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
Lampião, Virgulino Ferreira, o primeiro estrategista da guerra de guerrilha no Brasil. rebelou-se contra o autoritarismo dos coronéis nordestinos. Gozou da simpatia e respeito do Padre Cícero. Morto e decapitado com Maria Bonita e seu bando na Grota de Angicos em Alagoas - fotos daniel de andrade simões
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
sábado, 1 de novembro de 2014
Não a Transposição do Rio São Francisco. Piranhas, Alagoas.Muitos o chamaram de louco, de radical, mas nove anos depois a greve de fome do bispo do município de Barra, Dom Luiz Cappio, assume ares proféticos. Em 2005,
Ele afirmava que o Rio São Francisco estava doente em seu fluxo de vazão e não recomendava as obras de transposição. Profetizava ele: "quem está anêmico, não pode doar sangue". Muitas ONGs e organizações sociais populares advertiram dos riscos ambientais. Mas tudo isso foi olimpicamente ignorado pelas autoridades, e o Bispo foi tratado como se fosse um ambientalista louco. Nove anos depois, o Velho Chico definha. A nascente na Serra da Canastra secou há alguns dias e em muitos lugares o curso d'água quase não existe, fruto do assoreamento secular, da seca e da falta de atenção quanto a esse problema. Se esse quadro de penúria perdurar, e os especialistas afirmam que o semiárido brasileiro tende à desertificação, não haverá muita água para transpor e, nesse caso, o sol vai se encarregar de evaporar os filetes que insistirem em percorrer os canais de concreto. Naquele momento de 2005, um ano antes da reeleição de Lula, ficou claro que a obra messiânica teria que ser feita a qq custo, ao invés de se tentar recuperar o rio. Hoje, esse investimento bilionário - cujos gastos e "gatos" crescem à cada dia e ainda não tem data para ficar pronto - de transposição do Rio São Francisco, será apenas mais uma faraônica e mal planejada tentativa, entre tantos desacertos históricos, de a elite política no poder querer resolver os problemas do Nordeste, sem ouvir os nordestinos. Desperdícios descomunais de dinheiro, de tempo e de esperança como este, ajudam sim a reforçar o preconceito contra o Nordeste do país.
Texto: Valber Carvalho
foto daniel de andrade simões
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
Piranhas, Alagoas, bela e rara cidadezinha de 20 mil habitantes, às margens do São Francisco. Para chegar na Grota de Angicos, pega-se um catamarã em Piranhas para Poço de Caldas, Sergipe, leva 50 minutos. Após isso, conta-se com guias competentes e bem informados sobre o sertão. Um cabra bom é o Cícero (sósia do Lampião, é uma enciclopédia ambulante do cangaço), com uma hora de caminhada dentro da caatinga e explicações sobre as riquezas das vegetações, chega-se na Grota de Angicos. Local das degolas dos cangaceiros, entre eles Lampião e Maria Bonita. fotos daniel de andrade simões
domingo, 21 de setembro de 2014
Crônicas do Barracão (atual Rio Real) por Manoel Moacir Costa Macêdo
“As “Crônicas do Barracão” são relatos, que priorizam a
camaradagem, a História, as partilhas coletivas na concretude da realidade
material. Elas articulam saberes e constroem modelos que ampliam a visão do
mundo. Não são ficções, mas fatos, casos e histórias trazidos com realismo e
honestidade pela memória que o tempo não conseguiu destruir, ao contrário,
superam desafios, explicam o presente e prospectam o futuro”.
Entre os personagens das Crônicas do Barracão, Manoel Macêdo cita meu amigo valentão Tonho de Santinha. Jovem, de boa família, afeiçoado e violento. Um clone de heroi. Morava na fazenda, divisa entre Esplanada e Rio Real. Apresentava-se na cidade montado no seu cavalo branco e bem arriado, cabelos longos, esguio e conversador. Bebia e falava muito alto. Mostrava as acrobacias e galopes de seu cavalo nas ruas, em sua maioria de barro e terra. Assassinou um jovem de bicicleta montado no seu cavalo em disparada a caminho do Buril. Foi preso, não pela arruaças contumazes, mas por esse homicídio, em breve libertado por júri popular patrocinado pelos pedidos e influências das elites do local.
fotos daniel de andrade simões
fotos daniel de andrade simões
Entre os personagens das Crônicas do Barracão, Manoel Macêdo cita meu amigo valentão Tonho de Santinha. Jovem, de boa família, afeiçoado e violento. Um clone de heroi. Morava na fazenda, divisa entre Esplanada e Rio Real. Apresentava-se na cidade montado no seu cavalo branco e bem arriado, cabelos longos, esguio e conversador. Bebia e falava muito alto. Mostrava as acrobacias e galopes de seu cavalo nas ruas, em sua maioria de barro e terra. Assassinou um jovem de bicicleta montado no seu cavalo em disparada a caminho do Buril. Foi preso, não pela arruaças contumazes, mas por esse homicídio, em breve libertado por júri popular patrocinado pelos pedidos e influências das elites do local.
fotos daniel de andrade simões
fotos daniel de andrade simões
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
Lei da Anistia: Esperança de Justça por Tânia Miranda
LEI DA ANISTIA: ESPERANÇA DE JUSTIÇA
fotos daniel de andrade simões
Tânia Miranda, historiadora, mestre em educação
Publicado no jornal A TARDE, Bahia, hoje, 11/09/2104.
É animadora a manifestação favorável do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em relação à revisão da Lei da Anistia que completa 35 anos. Marcada por questionamentos em instâncias judiciais, as demandas nos tribunais desafiam a noção de impunidade e esquecimento, habilmente construídas pelos militares. É jurisprudência no direito internacional que um Estado não pode se autoanistiar e que crime de tortura é imprescritível.
No Chile e na Argentina, o judiciário tem tido papel importante na busca de justiça. O perdão autoconcedido não impediu o julgamento de agentes do Estado envolvidos com violações de direitos humanos. O Chile processou centenas de pessoas ligadas à repressão, condenou 15 militares e um civil à prisão perpétua, rejeitou o uso da anistia em um caso envolvendo 24 desaparecidos, e um outro – que havia sido encerrado – foi reaberto, numa clara contestação do judiciário à impunidade. O ditador Pinochet respondeu a processo acusado de assassinato, e mais de 200 ações contra ele foram apresentadas. O ex-presidente Alfonsín chegou a defender a abertura de processo, considerando: quem deu ordens, quem cumpriu ordens e quem se excedeu no cumprimento de ordens.
Na Argentina um tribunal federal condenou a 25 anos de prisão o último ditador do país, Reynaldo Benito Bignone. Quando secretário-geral do estado-maior do exército, comandou a ocupação militar do Hospital Posadas e transformou sua escola de enfermagem em centro de detenção e tortura. Dirigiu o Campo de Mayo, uma das principais bases militares e centro de tortura e execução de presos políticos. Ali, milhares desapareceram, e presas políticas tinham seus filhos roubados e entregues a militares antes de serem executadas. Seus últimos meses de governo foram dedicados a destruir documentos relacionados à prisão, tortura e assassinato de desaparecidos e a promulgar uma anistia geral aos militares, esforços que não conseguiram salvá-lo da justiça. Foi condenado por um total de 56 sequestros, assassinatos e desaparecimentos.
No Brasil, nenhum agente do Estado acusado de crimes de tortura, morte ou desaparecimento foi a julgamento. Estamos presos a esse registro de esquecimento que gera um fato inusitado: as vítimas da ditadura precisam ingressar com pedidos de anistia para ter seus direitos, como perseguidas políticas, reconhecidos. Ao Estado se impõem pelo menos quatro obrigações: o dever de justiça – identificar, processar e punir os responsáveis pelos crimes cometidos; o dever de revelar a verdade – com a localização de corpos e abertura de arquivos; e o dever de renovar as instituições, em especial, o sistema de segurança, o que inclui o afastamento de criminosos dos órgãos relacionados ao exercício da lei e de outras posições de autoridade. Do ponto vista ético, é inaceitável comparar jovens vitimados com seus algozes. Muitos dos crimes foram cometidos contra cidadãos que nada fizeram de violento, apenas manifestaram sua opinião, direito garantido pela Constituição. É o caso de Rubens Paiva e Vladimir Herzog, entre muitos outros. Brasil, impunidade até quando? “Nem perdão nem talião: justiça!”
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
sábado, 2 de agosto de 2014
sábado, 19 de julho de 2014
João Ubaldo Ribeiro - Um Grande e Valioso Brasileiro
foto daniel de andrade simões
Estive preso durante a ditadura civil militar no quartel do
barbalho, transferido para o quartel de Amaralina, depois para Lemos de Brito.
Fui preso em Alagoinhas, a ideia era iniciar a resistência no campo contra ditadura. Fui funcionário da Petrobrás e demitido com
acusação de comunista subversivo, detido em manifestação estudantil em
Salvador. Fui apara o Rio de Janeiro, passei numa seleção na Shell. Novamente
demitido após participar da passeata dos 100 mil. Eu mais outros companheiros
expropriamos a Shell. Nos separamos, eu fui com parte dessa expropriação para o
campo em Alagoinhas,para financiar a guerrilha no campo. Fui preso após alguns meses, e massacrado durante essa prisão. Após um ano, fui solto, literalmente sem lenço e sem documento. João Ubaldo
através de amigos comuns, me convidou para trabalhar na sua agência de
publicidade. Iniciei na fotografia revelando foto-litos, após um mês, agentes da repressão andaram no meu encalço. Por solidariedade, João Ubaldo
fez uma vaquinha para me safar, fui para o Rio, de lá fui para o Chile do
Allende,fui recebido pelo grupo dos 70, trocados pelo embaixador Suiço, me engajei no MIR, de lá fui para Itália, eu e Leopoldo Paulino, depois para França e Dinamarca (novamente preso com documentos falsos como
Reginaldo Faria Leite) devolvido preso para Alemanha) Companheiros em Paris, convenceram a França me conceder asilo
político. Estudei cinema e fotografia) em Vincennes (universidade experimental
após 68, do Daniel Conh Bendit). Me convidam para trabalhar em Moçambique como
fotografo da FRELIMO, parceria com Mia Couto. Com a anistia, volto para o Brasil
(RS) e trabalho para Coojornal - cooperativa de Jornalistas do RS, fechado pela
ditadura em 1981. João Ubaldo, (o voz de trovão) me despertou também para o mundo e a lutar contra
injustiças e por liberdade.