sábado, 1 de novembro de 2014

Não a Transposição do Rio São Francisco. Piranhas, Alagoas.Muitos o chamaram de louco, de radical, mas nove anos depois a greve de fome do bispo do município de Barra, Dom Luiz Cappio, assume ares proféticos. Em 2005,

Ele afirmava que o Rio São Francisco estava doente em seu fluxo de vazão e não recomendava as obras de transposição. Profetizava ele: "quem está anêmico, não pode doar sangue". Muitas ONGs e organizações sociais populares advertiram dos riscos ambientais. Mas tudo isso foi olimpicamente ignorado pelas autoridades, e o Bispo foi tratado como se fosse um ambientalista louco. Nove anos depois, o Velho Chico definha. A nascente na Serra da Canastra secou há alguns dias e em muitos lugares o curso d'água quase não existe, fruto do assoreamento secular, da seca e da falta de atenção quanto a esse problema. Se esse quadro de penúria perdurar, e os especialistas afirmam que o semiárido brasileiro tende à desertificação, não haverá muita água para transpor e, nesse caso, o sol vai se encarregar de evaporar os filetes que insistirem em percorrer os canais de concreto. Naquele momento de 2005, um ano antes da reeleição de Lula, ficou claro que a obra messiânica teria que ser feita a qq custo, ao invés de se tentar recuperar o rio. Hoje, esse investimento bilionário - cujos gastos e "gatos" crescem à cada dia e ainda não tem data para ficar pronto - de transposição do Rio São Francisco, será apenas mais uma faraônica e mal planejada tentativa, entre tantos desacertos históricos, de a elite política no poder querer resolver os problemas do Nordeste, sem ouvir os nordestinos. Desperdícios descomunais de dinheiro, de tempo e de esperança como este, ajudam sim a reforçar o preconceito contra o Nordeste do país.
Texto: Valber Carvalho
foto daniel de andrade simões

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