domingo, 30 de setembro de 2012
sábado, 29 de setembro de 2012
Fotografar por daniel de andrade simões
Ataque da Rodezia na fronteira com Moçambique - 1976 foto daniel de andrade simões
Era meia noite, quando um grupo de jornalistas entre estes o Mia Couto, a mulher do vice-presidente Marcelino dos Santos,Pamela, eu, o único fotógrafo. Viajávamos em um jeep land-roover. Na frente, um outro jeep com soldados da FRELIMO fazendo segurança. Era uma região de fronteira com a RODESIA, infestada por bandidos armados da RENAMO. Num determinado momento tivemos que parar para conferir nossa rota e atender urgências físicas. Assim que descemos, surgiram soldados camuflados por folhas e galhos de árvores. Apontaram os fuzis em nossa direção e nos renderam, o maior rebuliço, mãos para cima. Era noite escura, nenhuma noção de quantos soldados estavam presentes. O outro jeep com soldados que ia à frente chegaram imobilizados. O medo campeava em nossas entranhas, (lembro que cheguei para o Mia e disse baixinho: estamos fudidos camarada...) falavam pouco, e em outra língua africana. Um dos nossos soldados, tomou as rédeas da situação e nos tranquilizou. Felizmente não eram da RENAMO, eram da FRELIMO. Passaram a nos acompanhar até o vilarejo em que existia o campo de reeducação. No dia seguinte pela manhã, realizamos parte do trabalho e voltamos apressados para Maputo.
Era meia noite, quando um grupo de jornalistas entre estes o Mia Couto, a mulher do vice-presidente Marcelino dos Santos,Pamela, eu, o único fotógrafo. Viajávamos em um jeep land-roover. Na frente, um outro jeep com soldados da FRELIMO fazendo segurança. Era uma região de fronteira com a RODESIA, infestada por bandidos armados da RENAMO. Num determinado momento tivemos que parar para conferir nossa rota e atender urgências físicas. Assim que descemos, surgiram soldados camuflados por folhas e galhos de árvores. Apontaram os fuzis em nossa direção e nos renderam, o maior rebuliço, mãos para cima. Era noite escura, nenhuma noção de quantos soldados estavam presentes. O outro jeep com soldados que ia à frente chegaram imobilizados. O medo campeava em nossas entranhas, (lembro que cheguei para o Mia e disse baixinho: estamos fudidos camarada...) falavam pouco, e em outra língua africana. Um dos nossos soldados, tomou as rédeas da situação e nos tranquilizou. Felizmente não eram da RENAMO, eram da FRELIMO. Passaram a nos acompanhar até o vilarejo em que existia o campo de reeducação. No dia seguinte pela manhã, realizamos parte do trabalho e voltamos apressados para Maputo.
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Sobre o Revolucionário ORLANDO MIRANDA por EMILIANO JOSÉ
foto daniel de andrade simões
Viajou. Tornou-se um ser encantado. Na terra deixou um oceano de saudades. Marcas profundas nas estradas que percorreu. O Jardim da Saudade estava cheio na partida. Lutava há um bom tempo contra um câncer. Com tranqüilidade. Sem lamentações. Tânia ao lado, 40 anos de uma relação de amor profundo. Sei da dor de Tânia, que ninguém disfarça uma perda. Um pedaço de si mesma perdeu-se no infinito, foi embora junto com ele, e ela está se recompondo. Junto com os filhos, Adriana e Rafael. Nós, os amigos, os companheiros, sentimos demais a partida dele.
Nasceu em Jequié, 1941. Chega a Salvador, alvorada dos anos 60. Para dar continuidade aos estudos. Ingressa no primeiro ano do Científico, no Central – histórico Colégio Estadual da Bahia. Naquele território febril, é tomado por sonhos novos, pela militância política. Disputa as eleições do Grêmio, experimenta a primeira derrota. A chapa vitoriosa é encabeçada por Jaime Vieira Lima. A luta estudantil o apresenta ao mundo intelectual e político. Chega à esquerda. Nessa chegada, o que mais o entusiasma é a defesa da Petrobras, um de seus primeiros rituais de iniciação. O imperialismo americano desnudava-se aos seus olhos.
A têmpera do militante vai se firmando. “Prepare o seu coração pras coisas que eu vou contar/ Eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão, e posso não lhe agradar”. A Escola Politécnica da UFBA, a mesma de Carlos Marighella, foi seu segundo teste. Podia se aburguesar ou continuar. Continuou. Corria o ano de 1963. Cenário de pré-golpe, coisa que quase ninguém se apercebia e muito menos acreditava, quanto mais ele em sua juventude corajosa e voluntariosa. A UNE era uma entidade sólida, respeitada, de massas. Orlando descobre o marxismo, a cultura e as artes. Os sonhos se tornaram grandiosos. “E nos sonhos que fui sonhando as visões se clareando/ as visões se clareando...” Entrou para a Política Operária (Polop). A literatura da Polop o envolveu: crítica ao reformismo do PCB, combate à dominação ministerial nos sindicatos, defesa da organização independente da classe operária e da revolução socialista, sem etapas intermediárias. A Polop nasce em 1961, em Jundiaí, São Paulo.
O golpe de 1964 cai sobre ele como uma ducha de água fria. Nada, no entanto, abalava seus sonhos, a esperança no socialismo. Em fevereiro de 1965, participa da reorganização da UNE e logo depois da União dos Estudantes da Bahia (UEB). Compreende que a história das sociedades é a dura história da luta de classes.“Aprendi a dizer não, ver a morte sem chorar/ E a morte, o destino, tudo, a morte e o destino, tudo/ estava fora do lugar, eu vivo pra consertar”. Em março de 1967 desembarca em Natal, primeiro emprego como engenheiro. Decepciona-se com a cidade, de vida cultural inexpressiva, e pouca possibilidade de atuação política. No fim de 1967, volta à Bahia para reforçar a Polop, já dirigente. A vida como ele quer. A Polop tinha inserção, sobretudo, no movimento estudantil, apesar de suas posições teóricas em favor do proletariado.
Orlando sente as divisões da Polop, vê surgir várias outras organizações, mas não vacila em ficar ao lado, sempre, da Polop original. Chega à direção do Partido Operário Comunista (POC), novo nome dado à Polop numa tentativa de criar impacto diante de tantas divisões. Os diversos rachas levarão ainda a outro nome para a Polop, em abril de 1970: Organização de Combate Marxista-Leninista Política Operária (OCML-PO). Desta, Orlando torna-se um de seus principais formuladores.
O cerco da repressão aperta. Em 1972, são presos vários militantes da OCML-PO na Bahia, dos quais fui contemporâneo na Penitenciária Lemos Brito. Orlando escapa, e segue para o Rio de Janeiro. Em São Paulo, torna-se membro da Executiva Nacional da PO. Os anos de chumbo seriam vividos lá. Depois, PT. E é no PT que atua, disciplinadamente, sem nunca pretender as luzes da ribalta, durante muitos anos, antes do término da ditadura e depois, sob a democracia, até partir. “Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo/ e já que um dia montei agora sou cavaleiro/ laço firme e braço forte num reino que não tem rei...”
Emiliano José, jornalista e escritor
emiljose@uol.com.br
Publicado no Jornal A Tarde - Bahia, em 24.09.2012
Emiliano José, jornalista e escritor
emiljose@uol.com.br
Publicado no Jornal A Tarde - Bahia, em 24.09.2012
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
Yuri Carlton, advogado e campeão de artes marciais mista (sobrinho do blogueiro Daniel de Andrade Simões)
Seguindo os passos do amigo Luiz Carlos Dórea, dono da Academia Champion, Carlton resolveu trazer o projeto social para a Boca do Rio. "Era uma ideia nossa bastante antiga, que tomou uma dimensão ainda maior. Agora, além da Cidade Nova, com a Champion, temos também uma academia na Boca do Rio para formar talentos", explicou o mestre, que já trabalha com iniciativas sociais no bairro há cerca de dez anos.
Inauguração da Academia Nordeste, de Yuri Carlton
Yuri, ainda guri em Rio Real Ba. Pobre, porém decente. foto daniTio
Yuri em dia de vitória e seu filho, acima, ensaiando a orquestra. foto álbum de família
Além do jiu-jitsu, arte dominada por Yuri Carlton e carro-chefe da academia, a Nordeste também levará judô e boxe para os jovens. Aulas de artes, teatro e pesca também estão programadas, assim como sessões de fisioterapia para atletas e para a população. O local também será utilizado para que os lutadores do Team Champion, como Júnior Cigano e Hugo Wolverine, treinem os fundamentos de chão.
Para participar da academia, não existe limite de idade: basta querer ser um campeão. "Gosto de trabalhar com jovens, de até uns 21 anos, mas não tenho limites de idade. Quem estiver interessado em lutar, viver do esporte e ser um campeão, pode chegar", garante Carlton. "Espero que, com esse novo projeto, possamos revelar novos campeões, como aconteceu com o Cigano", completou.
Prestigiando evento, o governador Jaques Wagner se disse atento às iniciativas sociais como a de Yuri Carlton, e lembrou que é dever do Estado garantir todo o apoio possível ao esporte. "É obrigação do Estado apoiar um trabalho tão importante como este. O esporte é um estímulo positivo a essas crianças e dá a elas todo um novo horizonte e o sonho de brilharem, de serem campeões um dia, e de assim orgulharam a Bahia com seus títulos", bradou.Cidadão Repórter
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Convite - lançamento da Décima Edição do TEMPO DE RESISTÊNCIA por Leopoldo Paulino (Jaiminho)
Evidenciando o compromisso com a causa revolucionária, o livro Tempo de Resistência relata os acontecimentos históricos da luta contra a ditadura militar no nosso país, sob a ótica militante de Leopoldo Paulino.
Tempo de Resistência é “tempo gerúndio” é o tempo do “vivendo, acontecendo, lutando, realizando”. A Décima Edição de Tempo de Resistência chega 14 anos depois do lançamento do livro em 1998.
O livro alcançou praticamente todas as regiões brasileiras, como também chegou a alguns países como Cuba, Argentina, Itália, Vietnã, Suécia e Chile. E é adotado como leitura em cursos populares e como material de pesquisa em Universidades e Escolas de Segundo Grau.
Fruto de um trabalho perseverante, Tempo de Resistência foi recebendo acréscimo de informações e de documentação e chega agora em sua 10ª. Edição com 652 páginas. Além de novas revelações sobre fatos históricos, vem apresentando vasta documentação sobre a vida e a militância de Leopoldo coletadas pelos órgãos de repressão da ditadura militar, incluindo agora documentos oriundos de pesquisa no acervo do Arquivo Nacional. Coroando essa edição comemorativa, a pintura de Paulo Camargo, utilizada na primeira edição, retorna à capa.
O prefácio da Décima Edição Tempo de Resistência é de Carlos Eugênio Paz, o comandante Clemente da ALN, para quem “a leitura do livro de Leopoldo Paulino é interessante para quem viveu histórias de luta e, o mais importante, é essencial para as novas gerações, que anseiam saber o que realmente aconteceu na História recente de nosso país”.
O lançamento será:
Dia 27 de Setembro, às 20Horas.
No Centro Cultural Palace
Rua Álvares Cabral, 322 - SALÃO VERDE
Ribeirão Preto
domingo, 16 de setembro de 2012
Soneto Póstumo - Mario Quintana
foto daniel de andrade simões
Nada permanece igual no tempo, a não ser o próprio tempo. Quintana percebe isso como ninguém. Um velho amor valeu em seu próprio tempo. Drummond diria: “Mudam-se os tempos/ mudam-se as vontades/ Muda-se o ser” O tempo é implacável e não tem piedade de nós, pobres e efêmeros humanos. Cecília Meirelles diria: “Talvez pensem que o tempo volta/ E que vens, se o tempo voltar”. Neste poema Quintana afirma que o tempo não volta e nem o que éramos ou as sensações e sentimentos que sentíamos. “No fim, tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não consegue levar: um estribilho antigo, um carinho no momento preciso, o folhear de um livro, o cheiro que tinha um dia o próprio vento...” Ou seja, o tempo como o vento passa...e deixa somente as recordações.
SONETO PÓSTUMO
- Boa Tarde... - Boa Tarde! - E a doce amiga
E eu de novo, lado a lado vamos!
Mas há um não sei quê, que nos intriga:
Parece que um ao outro procuramos...
E, por piedade ou gratidão, tentamos
Representar de novo a história antiga.
Mas vem-me a idéia... nem sei como a diga...
Que fomos outros que nos encontramos!
Não há remédio: é separar-nos pois.
E as nossas mãos amigas se estenderam:
-Até breve! - Até breve! - E, com espanto
Ficamos a pensar nos outros dois.
Aqueles dois que a tanto já morreram...
E que, um dia se quiseram tanto!
Junho, 1952
Mario Quintana in: Baú de Espantos
extraído do www.quintanaeterno.blogspot.com.br
Bernardo
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
"O Tempo Passou e me Formei em Solidão"
foto daniel de andrade simões
José Antônio Oliveira de Resende
Professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, do Departamento de Letras, Artes e Cultura, da Universidade Federal de São João del-Rei.
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
O Companheiro, irmão e camarada RAFTON NASCIMENTO LEÃO, servirá de boa semente
Reginaldo/Daniel,
Bom ter noticias de que voce, tal como nós, continuamos “caducando numa boa”. A má noticia, não sei se voce sabe, foi o falecimento do Rafton “Gordo” no dia 24 de agosto no Rio. Câncer no pulmão, apesar de ter parado de fumar a mais de 7 anos. Mas como diz o Negão, é o veneno de efeito retardado que o imperialismo nos injetou por termos tido a ousadia de tentar enfrentá-lo. Estivemos lá na cerimônia de despedida do Rafton (eu, o Zé Duarte, Juarez, Capi e Janete, Maria Brown e os filhos, e mais um monte de gente conhecida e desconhecida), para se despedir, acompanhar a Regina no momento difícil que ela estava passando. Mas é assim mesmo, um dia a gente tem que ir embora.
Eu falei com o Negão no dia 24.08 por telefone. Êle não foi pois disse que tem alguma dificuldade motora, mas que está bem. Não tem celular e não sei se tem internet (pelo menos eu não tenho o endereço eletrônico).
Quanto ao “Galã de gauche”, não era muito mal mesmo não, né. Continuo aprontando mas só de vez em quando. Um grande abraço.
Reinaldo Melo
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Exilados brasileiros em Moçambique
MOÇAMBIQUE – BRASIL: OS CAMINHOS DA DIPLOMACIA
José Luis de Oliveira Cabaço*Doutor em Antropologia pela Universidade de São Paulo (USP), foi ministro dos Transportes e Comunicações e ministro da Informação de Moçambique no governo Samora Machel. Desde 1992, dedica-se à atividade acadêmica. É reitor da Universidade Técnica de Moçambique (UDM) de Maputo.
Nemésio Garcia, revolucionário baiano morto em serviço em Moçambique
A existência, naqueles anos, de tantos exilados políticos brasileiros, muitos deles altamente capacitados do ponto de vista profissional e vivendo espalhados pelo mundo, permitiu que o governo de Moçambique recém-libertado, carente de quadros qualificados pelo êxodo dos colonos portugueses, pudesse estabelecer acordos com os líderes no exílio.
Revolucionário Reinaldo de Melo - Cooperante e galã da gauche
Professora Carmem Craidy, Zé e Ana Craidy Simões
Cineasta e jornalista gaúcho Licínio Azevedo e o blogueiro fotógrafo daniel de andrade simões - foto kok nam
Dinamizaram-se laços de amizade e solidariedade, forjados por moçambicanos e brasileiros nos anos difíceis das lutas libertadoras. Miguel Arraes, companheiro e amigo, em Argel, de tantos dirigentes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), tomou a iniciativa de propor a vinda de refugiados brasileiros para Moçambique. Luiz Carlos Prestes, Leonel Brizola e o grupo dos Cadernos do Terceiro Mundo juntaram-se em breve à iniciativa.
Poeta, Economista e Professor Wilson Barbosa
Ex-marinheiro e engenheiro eletricista José Duarte
Philipe Lamy, economista e filósofo francês brasileiro
Janete e João Alberto Capiberibe do Amapá - fotos daniel de andrade simões
Começaram a chegar em Moçambique os brasileiros e as brasileiras que, por opção política, vieram trabalhar com entusiasmo e dedicação, aceitando as condições materiais difíceis em que viviam os moçambicanos, dando sua contribuição competente e trazendo o exemplo de uma entrega comprometida e generosa à reconstrução nacional. Foi o momento alto do reencontro entre os dois povos independentes”.
...
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Lembrando o Amapá e Rio Real, Sergipe
Cerâmicas de Rio Real - riqueza da cultura portuguesa em bordados Tahuá
Demarcação das terras indígenas (1992) durante o governo João Alberto Capiberibe do Amapá - foto daniel de andrade simões
Demarcação das terras indígenas (1992) durante o governo João Alberto Capiberibe do Amapá - foto daniel de andrade simões
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
"O Sonho Comandando a Vida"
foto daniel de andrade simões
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que um homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos de uma criança”
(António Gedeão – excerto de “Pedra filosofal”)
Brejenjas, Torres vedras, 1943. Nascimento de Joaquim Agostinho, camponês filho de camponeses... mais tarde um fantástico campeão de ciclismo.
Vildemoínhos, Viseu, 1947. Nascimento de Carlos Lopes. Antes dos 11 anos de idade já era servente de pedreiro, para ajudar a sustentar a família... mais tarde, medalha de ouro na maratona dos Jogos Olímpicos de Los Angeles.
Estes são apenas dois exemplos “caseiros” do aparecimento destas luzes que se acendem como milhares de pequenos pontos, um pouco por todo o planeta.
Muitas vezes me pergunto o que haverá no barro destas pequenas aldeias perdidas, desde o interior de Portugal até ao mais fundo da África profunda, que cria estes diamantes inexplicáveis. Que vento os desenterra e lapida para receberem e multiplicarem a luz do sol. Qual a força, qual a urgência irresistível que faz estas crianças levantarem-se do chão.
Depois... vejo imagens como esta que hoje aqui partilho e pressinto uma parte da explicação. Um vislumbre de quão desconcertante é a alegria. Uma pequena demonstração de quão revolucionária pode ser a mistura da imaginação, dos sonhos e da acção. Do futuro que pode haver na simples recusa da fatalidade
Extraído do : samuel-cantigueiro.blogspot.com
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Lembrando Salvador ALLENDE
ROSAS Vermelhas para o grande Estadista SALVADOR ALLENDE - ex-Presidente do CHILE
Tânia Miranda, historiadora, mestre em educação
"Esta noite, quando acariciarem seus filhos, quando buscarem o descanso, pensem na manhã dura que teremos pela frente, quando precisaremos colocar mais paixão, mais carinho, para fazer o Chile cada vez maior e tornar cada vez mais justa a vida em nossa pátria.” Foi assim que concluiu o seu discurso para milhares de pessoas, na histórica noite de 4/9/1970, quando deixou de ser o “companheiro Allende” para tornar-se o “companheiro presidente”.
Este mês o Chile vive três datas especiais. Duzentos e dois anos da independência, 42 anos da eleição de Salvador Allende para presidente, quando o povo chileno abriu as portas da história para profundas transformações políticas, econômicas e sociais, com a denominada “via chilena para o socialismo” e 39 anos do sangrento golpe de estado protagonizado pelas Forças Armadas, estimulado pela burguesia e por Washington, em que foi implantada a ditadura militar comandada pelo general Pinochet.
Na situação geopolítica mundial de então, bipolarizada - capitalismo X socialismo - os EUA não admitiam mais um país socialista na sua área de influência, após Cuba. Na década de 1970, na América do Sul, apenas o Chile, a Colômbia e a Venezuela mantinham estados de Direito com governantes eleitos pelo povo. O Brasil, a Argentina, o Paraguai, a Bolívia, o Peru, o Equador e o Uruguai, eram comandados pelos militares, apoiados por Washington.
Com o golpe de 11/9/1973, por uma semana o Chile foi fechado para o mundo, enquanto os tanques rolavam, os soldados arrombavam portas, o som das execuções pipocava dos estádios e os corpos se empilhavam nas ruas ou flutuavam nos rios. Os centros de tortura iniciaram suas atividades, os livros considerados subversivos eram atirados a fogueiras, e os soldados rasgavam as calças das mulheres aos gritos de, "no Chile as mulheres usam saias”.
Allende morreu resistindo, tornando-se uma das primeiras vítimas da ditadura que duraria 17 anos deixando três mil mortos ou desaparecidos. Chegou democraticamente ao poder, e dele foi apeado pela violência de uma ditadura sanguinária. São as veias abertas da América Latina.
Tânia Miranda, historiadora, mestre em educação
"Esta noite, quando acariciarem seus filhos, quando buscarem o descanso, pensem na manhã dura que teremos pela frente, quando precisaremos colocar mais paixão, mais carinho, para fazer o Chile cada vez maior e tornar cada vez mais justa a vida em nossa pátria.” Foi assim que concluiu o seu discurso para milhares de pessoas, na histórica noite de 4/9/1970, quando deixou de ser o “companheiro Allende” para tornar-se o “companheiro presidente”.
Este mês o Chile vive três datas especiais. Duzentos e dois anos da independência, 42 anos da eleição de Salvador Allende para presidente, quando o povo chileno abriu as portas da história para profundas transformações políticas, econômicas e sociais, com a denominada “via chilena para o socialismo” e 39 anos do sangrento golpe de estado protagonizado pelas Forças Armadas, estimulado pela burguesia e por Washington, em que foi implantada a ditadura militar comandada pelo general Pinochet.
Na situação geopolítica mundial de então, bipolarizada - capitalismo X socialismo - os EUA não admitiam mais um país socialista na sua área de influência, após Cuba. Na década de 1970, na América do Sul, apenas o Chile, a Colômbia e a Venezuela mantinham estados de Direito com governantes eleitos pelo povo. O Brasil, a Argentina, o Paraguai, a Bolívia, o Peru, o Equador e o Uruguai, eram comandados pelos militares, apoiados por Washington.
Com o golpe de 11/9/1973, por uma semana o Chile foi fechado para o mundo, enquanto os tanques rolavam, os soldados arrombavam portas, o som das execuções pipocava dos estádios e os corpos se empilhavam nas ruas ou flutuavam nos rios. Os centros de tortura iniciaram suas atividades, os livros considerados subversivos eram atirados a fogueiras, e os soldados rasgavam as calças das mulheres aos gritos de, "no Chile as mulheres usam saias”.
Allende morreu resistindo, tornando-se uma das primeiras vítimas da ditadura que duraria 17 anos deixando três mil mortos ou desaparecidos. Chegou democraticamente ao poder, e dele foi apeado pela violência de uma ditadura sanguinária. São as veias abertas da América Latina.
Movimento de Justiça e Direitos Humanos - Brasil/Informa
Morre Universindo Díaz, símbolo da luta contra ditadura
Uruguaio foi sequestrado em Porto Alegre em 1978
Sobrevivente da ditadura uruguaia, pela qual foi sequestrado em Porto Alegre em 1978 durante uma operação conjunta com forças brasileiras, sendo barbaramente torturado, o historiador Universindo Rodríguez Díaz, 60 anos, morreu neste domingo em Montevidéu após uma luta de seis meses contra um câncer na medula.
Universindo deixa o filho, Carlos Iván Rodríguez Trías, e a ex-mulher Ivonne Trías, que cuidavam dele durante a doença.
Mesmo após ter identificado o câncer em janeiro passado, o historiador mantinha intactos seus planos de publicação de livros e criação de documentários. Com aabertura dos arquivos da repressão uruguaia, procurava por informações sobre as vítimas da ditadura, na incansável tarefa de resgatar a história dessa época sombria no Uruguai e nos países vizinhos.
— O que ele não previa era morrer — diz o amigo Jair Krischke, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos.
Krischke esteve pela última vez com Universindo no início de julho, em Montevidéu. Na época, o uruguaio estava bem e falou de seus projetos. A recaída fatal ocorreu no último sábado. Krischke recebeu um e-mail da ex-mulher do historiador que o prevenia sobre o que poderia acontecer em seguida. Universindo passara por um transplante de medula e estava com nível zero de glóbulos brancos no sangue.
Mesmo torturado ao longo dos cinco anos em que passou preso, Universindo não demonstrava revolta. Entrou com um processo contra seus algozes ainda durante a ditadura. A ação foi bloqueada pela anistia uruguaia, mas o atual presidente, José "Pepe" Mujica, permitiu a reabertura das 80 investigações sobre crimes no período de exceção. Um deles é o de Universindo e sua companheira do Partido por la Victoria del Pueblo (PVP), Lílian Celiberti, também sequestrada em Porto Alegre, ao lado dos filhos dela, então com três e oito anos.
— Universindo não tinha mágoas. Estava de bem com a vida, era apaixonado pela sua profissão. O Uruguai perdeu um filho ilustre, um homem bom que honrou a tradição charrua de não se entregar — afirmou Krischke.
O sequestro
Porto Alegre entrou na rota da Operação Condor em 17 de novembro de 1978, quando se consumou o sequestro dos uruguaios Lílian Celiberti e Universindo Díaz. Perseguidos pela ditadura militar do Uruguai, os dois tentavam se esconder num apartamento da Rua Botafogo, no bairro Menino Deus. Foram capturados por policiais gaúchos, chefiados pelo delegado Pedro Seelig, e agentes uruguaios que tiveram permissão para entrar no território brasileiro.
À época, não se imaginava que o seqüestro era uma típica ação da Condor — a aliança secreta criada pelas ditaduras da Argentina, do Chile, do Brasil, do Uruguai e do Paraguai para caçar opositores políticos além das fronteiras. Cogitou-se que fosse somente uma cooperação eventual entre o Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e a Companhia de Contrainformações do exército uruguaio. Não era.
Lílian e Universindo foram interrogados e torturados na Capital gaúcha, sofrendo a primeira etapa do ritual Condor. Enfrentaram a segunda fase, o traslado até os calabouços do Uruguai. Escaparam da provável solução final — a morte e o desaparecimento nas águas do Oceano Atlântico ou do Rio da Prata — graças ao repórter Luiz Cláudio Cunha e ao fotógrafo J. B. Scalco, que descobriram e denunciaram o crime nas páginas da revista Veja.
Paulo Brossard, Senador, Ex-Ministro do STF e o escritor jornalista Luiz Cláudio Cunha no lançamento do seu livro sobre o Sequestro dos Uruguaios, Universindo Díaz e Lilian Celiberti - foto daniel de andrade simões
A operação Condor
O que foi
Organizada no final de 1975, em Santiago do Chile, a Operação Condor sistematizou as cooperações eventuais já existentes entre as ditaduras do Cone Sul. O general Augusto Pinochet entendia que os governos fardados deveriam agir de forma articulada contra o que julgava ser a "ameaça internacional do comunismo". Agindo além das fronteiras, a Condor assassinou um ex-presidente de República (o boliviano Juan José Torres), dois parlamentares uruguaios (Zelmar Michelinie Héctor Gutiérrez Ruiz), um general e ex-ministro (o chileno Carlos Prats), um ex-chanceler (o chileno Orlando Letelier) e centenas de opositores políticos.
Países participantes
Principalmente Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Bolívia.
Objetivo
Neutralizar os grupos guerrilheiros de esquerda opositores aos regimes militares de direita, tais como Tupamaros (Uruguai), Montoneros (Argentina) e MIR (Chile).
Estratégia
Unificar esforços de todos os aparatos repressivos para combater os focos de resistência.
Papel dos EUA
Tinha conhecimento, conforme demonstram documentos secretos divulgados pelo Departamento de Estado em 2001
Por que Condor
Porque é a ave típica dos Andes, famosa pela sua astúcia na caça as suas presas.
Quando ocorreu
Iniciou-se na primeira metade dos anos 70 e terminou em meados dos anos 80.
Chega a 100 mil o número de mortos e desaparecidos no continente.