segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Dinamarca - Tempo de Resistência por Leopoldo Paulino (Jaiminho)

Beti, Tico e Leopoldo (Jaiminho) Paulino em Kopenhague - foto daniel de andrade simões

Leopoldo Paulino em: Tempo de Resistência – Hotel Corona – Dinamarca e o vôo do polaco pela janela
Sobre prisão de Carvalho (Daniel de Andrade Simões, ou Reginaldo Faria Leite) na Dinamarca: ...” Enquanto isso, os dias se passavam, Carvalho continuava preso e as autoridades dinamarquesas nos impediam de visitá-lo.
...Não havia como confiar no governo dinamarquês depois da atitude que tomara. Eu comecei a ficar preocupado com a demora com que o caso era conduzido.
Pensei, então, em realizar uma ação de impacto, que atingisse a opinião pública internacional. Ocorreu-me a ideia de promover a ocupação do Hotel Corona, que impediria a entrada ou saída de quem quer que fosse, o que na certa criaria um fato político de proporções internacionais.


Certamente, se bem sucedida a ação, forçaríamos o governo dinamarquês a libertar Carvalho, além de enviá-lo a Cuba, a ele e a todos que participassem da ação, ou a outro país que apoiava os movimentos revolucionários de todo mundo.
Não possuíamos armas, mas pensei em fazer coquetéis Molotov e, após a ocupação do hotel, atirar alguns deles à rua, para demonstrar nossa disposição de luta. Reservaria outros para a nossa defesa, em caso de tentativa de invasão policial do prédio.

Daniel (carvalho/reginaldo) de andrade simões, preso na Dinamarca

... Esquematizado o plano, conversei com Beti e Luísa que, de pronto, concordaram comigo. Decidimos que eu conversaria com os demais companheiros e lhes solicitaria adesão.
Primeiramente consultamos os portugueses, que eram a maioria dos exilados de esquerda, já que, para viabilizar meu projeto, acreditava ser necessário contar com pelo menos 10 pessoas.
Decidi, então conversar com Miguel, um tenente do exército português que desertara da guerra de Angola e tinha, ao que parecia, um firme posicionamento político-ideológico, além de preparo militar.

A princípio receoso, mas pouco a pouco à vontade, expus o plano a Miguel e propus-lhe que falássemos com os demais companheiros.
Sua reação não se fez esperar.
Seus olhos escuros e miúdos brilharam e, animado, me disse em seu sotaque lusitano: “Isto mesmo, pá. Tomamos o hotel e, a cada meia hora, vai um polaco desses pela janela”.
Em face dessa disposição, quem se assustou fui eu.
Propus ao Miguel que congelássemos nosso plano por mais uns dias ...

...Finalmente, as negociações chegaram a um bom termo. O governo dinamarquês recuou da decisão de entregar Carvalho (Daniel/Reginaldo) à ditadura brasileira e concordou em entregá-lo a polícia alemã, esta após alguns dias preso, a França lhe concede sobre pressão de companheiros já exilados em Paris, refúgio político.





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