segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Como Era Duro Ser Asilado

                             Moçambique. A Queda - foto daniel de Andrade Simões

O Quem Samba Fica - Memórias de Um Ex-Guerrilheiro - trata no seu título, da questão de quem devia continuar na luta - os que sambavam e ficavam - e os que não sambavam - iam pro exílio em outros países pra fugir da repressão.Dito assim, parece que o exílio era uma espécie de valhala, ou do céu muçulmano com as setenta virgens, mas a realidade era bem diferente.Daniel de Andrade Simões, exilado em Paris, usava um par de sapatos furados. No inverno, incapaz de aguentar o frio penetrando pelo furo do sapato, roubou um par e foi preso, necessitando da ajuda da CIMADE, um órgão de ajuda a refugiados, para ser solto. Juca Ferreira, ex-ministro da Cultura, atual secretário do governo Haddad, asilou-se na Suécia sobrevivendo como motorneiro de bonde e metrô.Nemésio Garcia, depois de transitar por vários países, fixou-se em Moçambique e sobrevivia ensinando artesanato, até morrer num acidente de veículo. Seu caminhão caiu em buraco de mina e foi ejetado, com o impacto, bateu a cabeça numa árvore.

Isso aconteceu com milhares de militantes que não sambaram.
Os que ficaram, ou voltaram pra continuar a luta, infelizmente curtiram uma cadeia desgraçada.
Ou desapareceram.
Ou foram mortos.
Ou foram mortos e desaparecidos.
Quem sambou e quem se asilou tem a mesma dignidade e valor.
Rui Patterson

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