quarta-feira, 26 de junho de 2013

Resgatando a História da Coojornal em 3 Capítulos ....

              Coojornalistas Osmar Trindade, Lenora Vargas e Rosvita - foto daniel de andrade simões

foto daniel de andrade simões/coojornal

Para quem se interessa pelo resgate da história da Coojornal segue post em três capítulos (no minimo) diários como as novelas.

O Coojornal e a pobre dissertação da Unisc ( Capítulo 1)

Meu nome não está na lista dos associados da Coojornal publicada em uma dissertação da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) que um amigo, surpreso, me enviou.
- Te defenestraram, véio? Viu como o pessoal ainda...
guarda altas mágoas da oposição ?!

Fui dos primeiros repórteres da cooperativa. É sabido e notório - pelos mais antigos, pelo menos. Lá cheguei a convite do Luiz Cláudio Cunha, meu chefe na Veja,melhor, na sucursal gaúcha da Editora Abril, e vice-presidente da Coojornal na época.
Lembro que nestes idos o falecido cirurgião dentista Luiz Alberto Arteche, que também estudou Jornalismo na PUC e era pai do ator André Arteche,
já estava lá frilando para o Jornal do Inter.
Recordo da Marina Wodke escrevendo reportagens para um house órgão de uma empresa de elevadores, se a memória não me trai.
Memorizo o Elmar Bicudo Bones e o Jorge Polidoro em tempo integral no primeiro prédio da Comendador Coruja de propriedade do José Abujamra onde funcionava a Editora Verbo.
Depois, é que veio o pessoal saido da Folha da Manhã do Vierinha da Cunha à Rosvita, ao Trindade e à Lenora, ao Caco Barcellos - frilando e dirigindo o táxi do pai, Cláudio como ele.

Isto foi muito antes de existir o Coojornal mensal - que foi às ruas em meados de 1976.

Nos expedientes do Coojornal tinha toda a longa nominata dos donos do empreendimento e nunca me dei conta da lacuna aberta entre os nomes de André Jockymann, Ângela Sória Riccordi, Ângela Santamgelo, Ângelo Dias da Silva, Aníbal Bendati, Anilson Costa, Anna Maria Magalhães e Antonio Britto Filho, onde deveria estar fixado este escriba como foi batizado. Quando será que sumiu a minha identidade desta nomeada em ordem alfabética de scios que jamais integraram a equipe da faina diária da cooperativa?
De onde a autora da dissertação tirou o que a orientadora dela chama de "lista oficial da Coojornal"?
foto daniel de andrade simões/coojornal

foto daniel de andrade simões/coojornal

Como a documentação oficial do cooperativa foi incinerada, ao que sei por ordem judicial determinada ao espólio, para desocupar lugar, evidentemente não existe uma listagem formal. Esta omissão também não abala a minha vaidade já que na obra " Coojornal -Um jornal de jornalistas sob a ditadura militar",da Editora Libretos, do Rafa Guimaraens e da Clô Barcellos, estão selecionadas, por generosidade dos autores, algumas reportagens minhas, feitas na primeira fase histórica da Coojornal (antes de 1978).

O amigo e colega que me enviou a dissertação da Unisc estranhou não só esta ausência do meu nome entre os associados "oficiais", mas se incomodou mais, sobretudo, com o desprezo à versão oposicionista, à qual me filiei no processo da evolução da cooperativa.

- Ela só entrevistou gente da chapa ganhadora! Só tem a visão da direção, dos que ficaram na cooperativa! - espantou-se o amigo, que é professor de Jornalismo.

Lógicamente questionei a autora do trabalho que não me respondeu e a sua orientadora, que ofereceu uma resposta muito estranha.
Disse ela que, ao contrário do jornalismo, a academia não tem a obrigação de ouvir os dois lados (!!!).

Em suas palavras:
(..) em relação às suas críticas pontuais, lembro que um trabalho científico deve primar pela isenção. E esse o fez. (..) Não procede a relação que em seu mail estabelece entre a condução da dissertação e a prática jornalística. Como mencionei, um trabalho científico deve ter como horizonte a isenção e o rigor metodológico nas escolhas. No entanto, não tem o compromisso do jornalismo de ouvir “os dois lados”. Isto faz parte das técnicas do jornalismo, que é uma prática profissional. O método científico requer rigor científico e isenção, mas tem outro modo de operação distinto do de uma prática profissional".

Note-se que ela afirmou que a academia tem que buscar "a isenção e o rigor metodológico".
Mas como alcançar o rigor e a isenção considerando unicamente só uma versão e ignorando a outra, que sempre foi pública já que apresentou-se em uma assembleia geral de eleições?

Não fui na onda e consultei um amigo professor de Jornalismo e doutor em História que me respondeu o seguinte:
- Nas dissertações que oriento, estimulo a investigação profunda, que deve levar em conta todos os "lados". Ela (a orientadora) tem uma posição diferente ou, ao menos, argumentou dessa forma, provavelmente para defender a sua orientanda e tentar se justificar como orientadora.

Existem também erros pontuais como a afirmação de que a Coojornal editou o jornal O Interior, o que jamais ocorreu, como depõe o diretor deste periódico editado em Carazinho, Waldir Heck.

Alô André:
Não existiu essa história da Coojornal editar o jornal O Interior ou renovar o setor de comunicação da organização (imaginando a Fecotrigo?). O que aconteceu, deves estar lembrado, foi que num período a Coojornal produziu matérias para O Interior, por encomenda.
Seria interessante saber em que fonte essa estudante se baseou e o que mais escreveu.
Fico com pena da estudante que escreveu o que lhe contaram. Já tive que contar diversas vezes a história do jornal O Interior para colaborar em trabalhos de conclusão. Acabo me empolgando, me emocionando e falando fora de um "rigor científico ou acadêmico". E me aconteceu mais de uma vez, tempos depois, de constatar que os trabalhos tinham informações incorretas ou incompletas, sendo eu a fonte. Lamentei, mas relevei sempre que não tinha como corrigir.. Não sei se é a atitude correta. Mas nesse caso do Coojornal é diferente e tens razão em te indignar, ainda mais considerando o peso da banca acadêmica.

Saudações

Waldir

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