quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Meu primo urubu Zebedeu

                                                                    Vôo do Urubu Zebedeu


Planar bem alto, o mais distante possível, olhar de cima, encontrar a nascente da luz do sol.
Lá em baixo o homem enlouquecido, toca fogo em tudo, lixo, floresta, bicho e até gente.
Do alto vejo uma bela e suave pintura: o verde das matas e as curvas prateadas dos rios emoldurando
a paisagem. Como pode um só criador ser o artesão de tamanha beleza? Alegre, me sinto feliz com o muito que vejo. Se mais não subo é por não querer avançar demais. Meu coração pode se afogar na emoção. Pode não caber maior quantidade de formosura!
Da morte violenta do homem pouco entendo, sua carne é sempre envenenada pelo ódio e medo. O pior veneno para espírito. O assassino lava seu corpo em água limpa, mas sua alma fede a tristeza. O morto guarda nas tripas uma armadilha, o ódio. É o pior dos venenos que contamina a alma dos viventes.
Alguém pode até dizer, mas que urubu fresco e metido a besta, parece até que não come carniça...
Gosto da carniça do campo, dos pastos, não do que é encontrado no lixo das cidades. O lixo dos ricos também é perigoso, possui temperos e aromatizantes artificiais, cheira mal. Carniça boa é encontrada no campo e nas matas, lá me faço rei, como lagartos, peixes e outras guloseimas. Deixo o lixo das cidades para os humanos. Busco o futuro. Já me disseram, esperar não é ficar à espera. Vôo para ver do alto e dar asas à imaginação.
Texto e Foto Daniel de Andrade-Gaia



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