quarta-feira, 4 de abril de 2012

Para lembrar cidadãos que lutaram contra a Ditadura Militar e Civil - Carlos Araújo, ex-marido da Presidente Dilma Rousseff

    Deputados gaúchos e Carlos Araújo no microfone
    foto daniel de andrade simões                                                       

Carlos Araújo surgiu na primeira safra da resistência à ditadura militar de 1964. Foi preso em agosto de 1970 como militante da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), organização de esquerda que propunha a luta armada. Conheceu Dilma Rousseff durante os deslocamentos para responder por crime político. Foi preso e interrogado pelo Romeu Tuma, ex-diretor do DOPS que, cinicamente, após a ditadura se dizia democrata.
Antes da VPR, militou no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Nasceu em São Francisco de Paula no Rio Grande do Sul. Aos 14 anos foi detido pela primeira vez, pichando muro em Porto Alegre em defesa de “O Petróleo é Nosso”. Seu pai, Afrânio Araújo, foi um renomado advogado. Faleceu em 1974. Carlos namorava a atriz Bete Mendes, outra militante de esquerda que atuava nas novelas da TV Globo; depois viveu um tempo com a também militante Vânia Abrantes, até conhecer Dilma no presídio Tiradentes, em São Paulo. Os dois se apaixonaram na prisão.
Após dois anos de detenção, Dilma foi solta e passou a visitar Carlos Araújo. Levava livros, cigarros e mantinha com ele relacionamento íntimo, de casal. Assim mantinham-se informados sobre a realidade brasileira e o futuro político. Após a prisão, casaram e viveram 30 anos juntos, até 1999. Têm uma filha fruto dessa união, a linda mulher que desfilou com a mãe no dia da posse como Presidente da República, e que lhes ofereceu um neto.
O casal alinhou-se politicamente com Brizola, Alceu Collares, Aldo Pinto e Valneri Antunes (o Átila), entre outros, como filiados ao PTB. Após perderem a sigla do PTB para Ivete Vargas, recriaram o PDT. Nesse período, organizaram movimentos sindicais, camponeses e operários, o que rendeu a Carlos apoio e votos para as eleições do PDT.
Foi eleito por três mandatos a Deputado Estadual: em 1982, 1986 e 1990. Por duas vezes, perdeu a eleição para os petistas Olívio Dutra e Tarso Genro a prefeito de Porto Alegre. Em 1985, Carlos e Dilma se dedicaram de corpo e alma à eleição de Alceu Collares e pela primeira vez Dilma foi nomeada, com a indicação do marido, para a Secretaria Municipal da Fazenda do Município de Porto Alegre.
Carlos desligou-se da militância política do PDT em 2000 e voltou a advogar. Desde então, adotou vida discreta e sossegada. É um homem culto e inteligente, grande orador, corajoso, correto na ação e na palavra. É profundo conhecedor do marxismo e da dialética, solidário e humano. Político como ele está em extinção no Brasil. Dilma Rousseff aprendeu com ele, e vice-versa.


(Texto do jornalista Elson Martins  (http://www.almanacre.blogspot.com/)

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