sábado, 21 de abril de 2012

Genocídio Indígena - Tânia Miranda

foto daniel de andrade simões

GENOCÍDIO INDÍGENA

Sou marcado para morrer, mas por uma causa justa a gente morre, denunciou o líder indígena Guarani-Kaiowá Marçal de Souza Tupã-Y, assassinado em 1983 no Mato Grosso do Sul, a mando de fazendeiros que jamais foram punidos. Mais de 28 anos após sua morte, a violência e a impunidade imperam na região. No acampamento Tekoha Guaviry, pistoleiros fortemente armados assassinaram mais uma liderança, o cacique Nisio Gomes e ainda deixaram um rastro de violência, como tentativas de homicídio, ocultação de cadáver, seqüestros, inclusive de crianças e adolescentes indígenas.Relatório divulgado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) aponta a ocorrência de genocídio em Mato Grosso do Sul, Estado líder nesse tipo de crime e que abriga 75 mil índios, segunda maior população do País, superado apenas pelo Amazonas. Nos últimos oito anos, 250 índios foram assassinados, e, em 2011, 27 dos 38 indígenas mortos de forma violenta, são da região. O Cimi adverte ainda que há um crescente processo de criminalização de lideranças, a exemplo das ações contra os Tupinambás na Bahia e os Kukuru em Pernambuco. É bom lembrar que a população indígena no Brasil é de aproximadamente 500 mil índios e 223 povos, contra seis milhões do início da colonização.A violência no campo está diretamente vinculada aos conflitos agrários em função da concentração da terra – uma das maiores do mundo -, do agronegócio, da reforma agrária, da demarcação de terras indígenas, de remanescentes de quilombos, de comunidades ribeirinhas, da definição de áreas de proteção ambiental, bem como da impunidade. Esta última, a principal cúmplice da violência. Esses fatos ferem frontalmente os pactos internacionais em direitos humanos, os quais o Brasil é signatário. É urgente a punição dos mandantes dos crimes a fim de garantir que a impunidade não prevaleça mais uma vez, e realizar a demarcação dos territórios indígenas é condição para a sobrevivência, o fortalecimento das identidades e das culturas desses povos, levando assim a paz aos campos brasileiros. Publicado no jornal  
A Tarde – Bahia – 07/12/2011.

Tânia Miranda


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