sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Era uma Vez ... Uma Ditadura por Tânia Miranda

                                                                foto daniel de andrade simões

ERA UMA VEZ... UMA DITADURA Tânia Miranda, historiadora, mestre em educação. Histórias de meninas e meninos marcados pela ditadura militar no Brasil, publicação da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, traz à tona um tema comovente. As narrativas, permeadas de afetos controversos, nos permitem um duplo sentimento: reavivar a memória e chamar a atenção para a necessidade de reafirmação permanente dos valores em direitos humanos. E, ainda, driblar a velocidade do tempo e a circulação frenética de informações que aumentam a distância desse passado recente.  Quando contarem estas histórias, podem começar como tantas outras: era uma vez. Era uma vez um país onde as pessoas foram proibidas de pensar, falar e fazer o que achavam certo, por isso foram presas, torturadas e até assassinadas. Era uma vez um país onde crianças e até bebês, privados da proteção de seus familiares, foram utilizados nas sessões de tortura, cujos danos infligidos a pais e filhos são difíceis de avaliar. Era uma vez um país em que as cicatrizes de almas e corpos violados permanecem ainda hoje vivas como tatuagens.  Era uma vez um país em que estudantes se engajaram, em plena adolescência, na resistência à ditadura. Era uma vez um brasileiro que se chama João Carlos Grabois, conheceu a tortura quando ainda habitava o ventre da mãe e viveu seus primeiros dias de vida na cadeia. Era uma vez um adolescente que tinha acabado de completar 18 anos, chamava-se Edson Luiz Lima Souto, morreu defendendo à liberdade e tornou-se o símbolo da resistência juvenil. Era uma vez um quase menino Marco Antonio Dias Baptista, um dos 140 desaparecidos políticos, tinha apenas 15 anos quando, em 1970, foi preso em Goiás. Era uma vez uma história triste que ninguém gosta de ouvir. Mas que precisa ser lembrada, contada e recontada para nunca se repetir. Ivan Lins e Vitor Martins, em Nossos Filhos, poeticamente, retratam aqueles tempos: “Perdoem por tantos perigos, perdoem a falta de abrigo, perdoem a falta de amigos, os dias eram assim... Quando brotarem as flores, quando crescerem as matas, quando colherem os frutos, digam o gosto pra mim...”

Um comentário:

  1. Foto maravilhosa em perfeita harmonia com o texto.
    Valeu, Saitica!
    Tânia

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