sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Oderfla Almeida por Lucia Ribeiro Bittencourt


foto daniel de andrade simões
VIVA O FLA FLÁ!!!!!

Era nos idos de sessenta e oito. O baiano recém-formado, saiu foragido de Salvador – havia uma caça aos meninos da Universidade Federal da Bahia que redigiram o jornal da filosofia, intitulado O Grito.
O baiano aportou no Rio de Janeiro para trabalhar e conquistar novos amigos. Logo, logo isto aconteceu e uma das suas principais conquistas veio a ajudar a forjar a sua nova dimensão de homem do mundo. O cara era Oderfla Almeida.
De camisa listrada, batuque debaixo do braço (fosse ele atabaque, bongô ou qualquer outro instrumento que merecesse um toque mágico de um negro que trazia no sangue a limpeza de sua ancestralidade) lá estava ele, enchendo de alegria o apertamento da rua Silveira Martins, no Catete.
E se não tocava, falava e gesticulava incansavelmente – aquela era a sua marca. Essa figura marcou nossos dias naqueles saudosos finais dos anos sessenta e inicio dos setenta, quando o sonho realmente passou uma vara seca por sobre nossas cabeças e aí, nada mais pôde ser igual.
Não sei mais o que ocorreu ali, mas sei que depois de setenta e sete, quando aquele baiano viajou pro infinito, o batuqueiro fazedor de notícias, o jornalista fazedor de sons começou a pintar na Bahia e ali também participou de nossa vida – da minha e dos meus filhos, sempre com aquela energia de 1000 wats, sempre trazendo bons fluidos, boas mensagens de vida, alegria e positividade.
Agora eu soube que essa energia se apagou. Choro de emoção. Não queria que as coisas fossem assim. Oderfla é um desses caras que não podiam morrer. Oderfla devia ter um pedestal prá quando a gente estivesse triste, fosse ali e ele batesse um atabaquezinho e a gente saísse dali sorrindo e cantando.
Esquecemos, porém, que ele também tinha carne e osso. Que ele também foi pego pelas tramas que a vida nos apronta. Nosso amigo, a esta altura, descolou–se desta e foi encontrar algumas pessoinhas muito especiais que estão do lado de lá. Desde seu filhote até meu ex-companheiro jornalista e poeta Luiz Carlos Maia Bittencourt, jornalista do Correio da Manhã, Marinus Castro e Cia.
E, imaginemos: deve estar um grande parangolé, naquelas bandas.
Rezemos apenas. Entreguemos nossa saudade a Deus. Ele sabe tudo, porque essas coisas acontecem assim.
E guardemos essa saudade gostosa, do sambista de gestos e batuques eternos.
Que Viva o FLÁ FLÁ - 22.01.2011

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