sexta-feira, 26 de agosto de 2011

La Novena - por WILSON BARBOSA - Negus - sobre sua prisão no Uruguai (ficção)

foto daniel de andrade simões
A única coisa que pode me tornar igual a um assassino é tornar-me eu mesmo um assassino. A única cosia que pode tornar-me igual a um ladrão é tornar-me eu mesmo um ladrão. A única coisa que me iguala a um jornalista, a um advogado, a um político profissional, a um ideólogo do sistema vigente, enfim, é tornar-me eu mesmo um mentiroso profissional. É, pois, longa toda a descida até a igualdade, para qualquer um que nasceu e cresceu entre as nuvens do humanismo, mas deve agora baixar ao plano comum das ações quotidianas.
...Está assim colocado o problema da igualdade. Para enfrentar as súcias do Estado, alguém deve igualar-se a elas. Comece como assassino ou como mentiroso, há de converte-se no outro e ainda em ladrão. Dessa forma, o movimento da consciência coletiva vê-se sempre alijado do processo da luta pelo poder. O homem comum, o joão-ninguém das ruas, limita-se a pagar todos os impostos e taxas. Como um burro de carga, carrega qualquer tipo de Estado que lhe atiram em cima. Por isso, apenas por breves momentos ousa simpatizar com esta ou aquela quadrilha, bem ou mal intencionada, em feroz luta pelo poder.


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