quinta-feira, 7 de julho de 2011

Memórias da Gaveta - Levando um Lero com Ricardo do www.dissonancia.com

Texto e foto daniel de andrade simões

MOÇAMBIQUE e um FOTÓGRAFO nascido no CANGAÇO

Fome, medo e fotografia.
Esta foi uma fase do exilado e estudante de fotografia em Vincennes na França. Acaba quando algúem da tribo brasileira vivendo em Moçambique lhe convida para ser fotógrafo. Com algumas lentes duas camêras nikkomat desembarca um nordestino em Maputo...convivendo com grandes fotógrafos moçambicanos, Rangel, Daniel Maquinasse, Kok Nam ...
Cheguei  para trabalhar com soldados e quadros da FRELIMO.
Todos com uma camêra PRACTICA da Alemanha do Leste, por sinal, resistentes e ótimas lentes.
Foi muito laboratório, sorte que filmes, químicos e papel eram escassos, assim respirava-se menos o ar poluído dos laboratórios. Grande parte da vida dos fotógrafos, correspondentes ou não de jornais, ganharam à vida no escuro dos laboratórios. Para alguns raros heróis, essa fotografia continua sendo feita.
A digital veio para tirar a gente do sufoco, (resisti até 2010) além das muitas vantagens, nos dar o resultado do que captamos imediatamente.
Moçambique, assim como quase toda África vivia suas lutas por independência. Com muitos anos de luta
contra o colonialismo português a FRELIMO - Frente de Libertação de Moçambique torna-se independente.
A Fotografia sempre foi e é,  uma grande aliada da humanidade, além do registro material, é uma prova indiscutível da vida em transformação.
É a fotografia uma grande arma de solidariedade, é arma de guerra. Ela quando necessário transforma-se em cravo ou fuzil. Essa coisa estranha do alquimismo, aconteceu na Revolução dos Cravos em Portugal.
Para lembrar essa força transformadora, há uma foto de uma menina correndo queimada por napalma pelos americanos no Vietnã... horrível.
Guerra é sinônimo de horror espalhado, espraiado por todo nosso corpo. Haja força e coragem para suporta-la. Muitas vezes os meus fotografados demonstravam com palavras ou silêncio seu agradecimento pela presença do fotógrafo. Quem sabe pensavam que seriam imortalizados pelas fotos ! Isso é tudo para o guerrilheiro do arco-iris, armado de solidariedade. Fotografia  é quase tudo, a palavra, o fuzil, o cravo ou o canivete. Guerra pela sobrevivência em toda parte, no estudo e na filosofada. Fotografar é um ato simplesmente fotográfico. Alguns posam de heróis, de estrelas, outros são fotógrafos de si mesmos, fazem da vida sua casa. Assim, calmamente construimos o auto-retrato..
daniel de andrade simões




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