quinta-feira, 16 de junho de 2011

Moçambique - Samora Machel por Graça Machel

Graça Machel ex-mulher de Samora Machel e atual companheira de Mandela - foto daniel de andrade simões
GRACA Machel, viúva do primeiro presidente de Moçambique independente, Samora Machel, defendeu terça-feira, em Maputo, a urgência de incluir a classe intelectual na concepção de políticas e na solução dos problemas que o país enfrenta.
Maputo, Quinta-Feira, 16 de Junho de 2011:: Notícias
Graça Machel, activista moçambicana e antiga ministra da Educação e Cultura, denunciou a marginalização dos intelectuais moçambicanos, que constituem uma capacidade que o país construiu ao longo dos últimos anos.
“Não há mecanismos de os fazer participar, na sua plenitude, na solução dos problemas do país, muito menos influenciarem as politicas e sentirem-se parte delas. É preciso reverter esta situação e dar oportunidade para que os intelectuais mostrem os seus conhecimentos”, defendeu.
Graça Machel fez estes pronunciamentos durante uma mesa redonda sobre a vida e obra de Samora Machel, no quadro das quartas jornadas científicas e tecnológicas de Moçambique que hoje encerram em Maputo.
Na ocasião, deu exemplo de Samora Machel na inclusão dos intelectuais na vida do país, sublinhando que aquele líder se fazia rodear de pessoas que tinham conhecimentos, sem qualquer complexo.
“Samora Machel não tinha muitas habilitações literárias. O seu mérito foi fazer-se rodear de pessoas altamente qualificadas. Ele não tinha complexos de se rodear de pessoas com mais conhecimentos”, frisou, acrescentado: “ele era um pensador estratégico”.
Graça Machel salientou que não é possível alcançar as batalhas ou desafios do século XXI sem colocar a educação em primeiro lugar.
Segundo a fonte, Samora Machel colocou a educação sempre em primeiro lugar. Nos primórdios da luta armada de libertação nacional havia consciência de que a educação é um pilar para o desenvolvimento e já se defendia o ideal de que “é preciso educar o homem para vencer a guerra e criar uma nova sociedade para desenvolver a pátria depois da independência”.
“Samora defendia que a ciência libertava o povo, por isso sempre houve programas de alfabetização nos campos e os poucos guerrilheiros que tinham experiência de docência formularam os fundamentos do Sistema Nacional de Educação que fosse genuinamente moçambicano e foram criados centros-piloto nas zonas libertadas”, explicou.
Graça Machel acrescentou que “a guerra tinha que ser dirigida e vencida pela ciência e que todos se vissem como iguais, por isso depois surgiu o ideal de fazer da escola uma base para o povo tomar o poder. Este princípio deixava claro que o objectivo não era só libertar o país do colonialismo, mas era preciso saber gerir o povo”.
Num outro desenvolvimento, Graça Machel disse que o desenvolvimento só se realiza quando baseado em condições exactas do povo.
“Adoptam-se teorias dos outros e esquecemos que só nos vamos transformar, atingir a prosperidade quando olharmos para a nossa realidade, as nossas condições sócio-culturais. Não podemos importar somente agendas políticas. Para que elas tenham impactos devem ser adequadas”, defendeu.
Enfatizou que Samora Machel não vai voltar e a forma de manter os seus ideais depende dos moçambicanos.
“Samora não vai voltar e para dar continuidade ao que ele defendia, tudo depende de nós. Moçambique precisa de pessoas que têm consciência da discriminação, da exclusão social e que rejeitem e se manifestem contra estas práticas e contra a imposição de políticas, para que possamos colocar Moçambique nos caris”, sublinhou.
Para tal, Graça Machel considera premente que Moçambique seja um Estado solidário, onde não se colocam os pobres de lado.
“As elites moçambicanas devem ter consciência de solidariedade nacional. Ninguém se pode sentir satisfeito e realizado quando há uma maioria a lutar pela sobrevivência”, rematou.

• AIM

Um comentário:

  1. Incrível mais uma vez o arquivo que vcs tem e a importância dessas fotografias na história da humanidade.
    Grande personalidade da história moçambicana, bom saber que algumas pessoas se importam com o que ocorre com os nossos países irmãos, se é que posso assim dizer.
    Beijo,
    Marília

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