À luz da tua janela Quero ainda passear
Quero rever-te tão bela
Inda que não possa te tocar
Quero rever-te à distância
Quero rever-te e sonhar
Tudo o que tive e perdi
E já não posso alcançar
Lembrar-me que na existência
O que se tem não é de si
Quero rever-te e sofrer
Quero implorar sem pedir
Uma fagulha de olhar
Uma migalha de um rir
Todo o desprezo que há
Talvez o melhor de ti...
Quem sabe? talvez pudesse
Dizer-me onde bastar
Indicar-me aonde ir
Rememorar-me o que fui
O que não pude surgir
Um olhar, um só desprezo
Pode tanto oferecer
Pode brilhar como o céu
Pode salvar, tu e eu
Pode a noite até acender
Joana D'Arc cavalgar
Quixote retroceder
Pode acariciar como o mar
Ajudar alguém não ser
Pode-se ainda sonhar
Que logo irá te rever...
(11-06-1962)
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