quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A Insustentável Leveza do Prato de Sopa - por Rui Patterson - autor de Quem Samba Fica...

Companheiros  Rui Patterson e Carlos Sarno em liberdade - 1982

O incansável e corajoso defensor dos presos políticos e dos direitos humanos Senador Teotônio Vilela

Louvando esse tempo em que o País é comandado por uma ex-militante da resistência à ditadura militar e ex-presa política, e que a Bahia é governada por um ex-perseguido político, tempo da aprovação da Comissão da Verdade, da consolidação da democracia, participo da implantação do projeto de âmbito nacional - Memórias Reveladas das Lutas Políticas na Bahia (1964-1985) – oportuna iniciativa da Fundação Pedro Calmon, órgão vinculado à Secretaria da Cultura do Estado da Bahia. Esse projeto, institucionalizado pela Casa Civil da Presidência da República, coordenado pelo Arquivo Nacional através do Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil, um marco na democratização do acesso à informação a serviço da cidadania e na valorização do patrimônio histórico documental. É a primeira articulação, governo federal e estados, para a preservação e difusão de acervos documentais, possibilitando o cruzamento de dados sob a guarda de cada Estado, o que estimulará a pesquisa, na perspectiva da história, da sociologia, da antropologia, da ciência política e do direito.  Por meio da metodologia da história oral, estarão à disposição arquivos e histórias do período da ditadura militar, das lutas de resistência na Bahia, narradas pelos seus próprios autores. Uma política de reconstituição da memória nacional fazendo valer o direito à verdade. A memória é um bem público que está na base do processo de construção da identidade de um país. Pensando em Ivan Lessa – De 15 em 15 anos esquecemos os últimos 15 anos – que, instigado, mergulhei num passado cinzento em busca de lembranças da prisão, fruto da luta contra o arbítrio, trazendo para a atualidade, um pouco do cotidiano daqueles dias de chumbo, entre 1969-1971, na Galeria F da Penitenciária Lemos de Brito. A comida era deixada num tabuleiro; os pratos com feijão, carne e farinha, aguardavam a boa vontade de Cretiotonio, General e Bezerra, chefes dos agentes de presídio, para entregá-los aos presos, passando-os por uma pequena abertura nas portas das celas. Comer aquela intragável e fria comida era difícil, mas que fazer? Nenhum preso sobrevive sem a sua ração diária, ainda que a presença de moscas e vermes nos tirasse o apetite. Muitos padeciam de diarreias incontroláveis enquanto o organismo não se acostumava à adversidade.Isso parecia inevitável. As ordens dos militares eram de nos infligir todo tipo de sofrimento, como se as sessões de tortura não tivessem sido suficientes.
 As reivindicações esbarravam nas velhas desculpas de resolver o problema futuramente, mas nada acontecia. Nas visitas, familiares e amigos traziam comidas e sobremesas para suprir o nosso déficit nutricional. Após passar pela “fiscalização” dos agentes, tudo era reduzido a uma pasta disforme. Nesse tempo, Carlos Sarno, companheiro de organização, preso em São Paulo, veio transferido do presídio Tiradentes e, lenta e persistentemente, convenceu o diretor do presídio, da vantagem de abrir a sua cela e nela reprocessar o “rango” da cadeia, servindo-o aos outros presos. A partir desse trato, ao final das tardes, uma sopa feita com as sobras do almoço era servida, insustentavelmente leve, deliciosa para os nossos paladares de prisioneiros.Ao sentir-me provocado a narrar algo significativo desses dias de chumbo, não atinei com nada mais dignificante do que lembrar essa atitude de reprocessar e servir o almoço, a incrível sopa de fim de tarde, com seus ingredientes surgidos, ao que tudo indica, da prodigiosa imaginação de Sarno e sua sensibilidade diante do sofrimento e da violência.O reprocessamento, a sopa, fizeram-me consolidar a crença na possibilidade de um novo mundo, de que eu mesmo seria capaz de transformar-me e a todos nós, e que, a partir da sopa, jamais seríamos, citando Marx, “poeira de humanidade”. Devo a Sarno muito mais do que a comida e a sopa reprocessadas.Falando em memória, impossível não lembrar de Leopoldo Paulino e sua profecia em Tempo de Resistência: Nós podemos contar nossa história. Eles não podem contar a deles. Publicado no jornal A TARDE da Bahia em 26.12.2011 -
Fotos daniel de andrade simões Texto: mailto:advogadoruipatterson@terra.com.br

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A Nova Classe por Bakunin


A Nova Classe

Mikhail Bakunin (1814-1876) não era um adivinho, mas um estudioso das estruturas de poder e da natureza da condição humana. Possivelmente, inspirado nos exercícios e abusos de poder de Cromwell (Inglaterra) e da Revolução Francesa.
Bakunin é o principal pensador e propagador do anarquismo. Uma teoria ideológica que almeja criar uma sociedade que funciona sem hierarquias políticas, econômicas e/ou sociais.
Os anarquistas defendem a ausência de governos na suposição de que um sistema social só funciona com a maximização da liberdade individual e da igualdade social.
Bakunin defendia que o esforço revolucionário deveria ser concentrado na destruição das "coisas" (leia-se Estado), e não das "pessoas".
Afirmava que a centralização da autoridade e do Estado criavam um obstáculo ao desenvolvimento das pessoas e das nações.
Rompido com comunistas e socialistas, Bakunin lidera a criação de grupos anarquistas em vários países do mundo, pregando o anti-autoritarismo, o mutualismo e o princípio descentralizador.
Uma de suas proféticas afirmativas, diz: "Assim, (...) chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana”.
Outro sujeito, Milovan Djilas (1911-1995), ex-ministro, vice-presidente, dissidente e contestador do regime comunista iugoslavo, ao tempo de Josip Broz Tito, dizia em seu livro “A Nova Classe” (1957):
“É muito difícil, talvez impossível, definir os limites da nova classe e identificar seus membros. Pode-se dizer que ela é constituída daqueles que gozam privilégios especiais e favoritismo econômico devido ao monopólio administrativo que detém”.
Conclusão: não há nada de novo no “front” da história! Agora, também nós assistimos a ascensão e as manobras da nova classe. Poder, arrogância, soberba e escândalos.
O politburo petista-governamental desdobra-se em procedimentos de contenção do dique comportamental rompido. Operações de dissimulação e mascaramento das relações noturnas dos companheiros da hora.
São renans, dirceus, waldomiros, delúbios, pereiras, valérios, jeffersons, dudas, jucás, severinos, fundos de pensões, assistencialismos, cartões de crédito corporativo, etc...
São os substantivos e adjetivos novos que desafiam os dicionaristas de plantão. Quando pensamos que descobrimos seu significado/dimensão, surge nova significação/significante. É como querer descobrir a cor do camaleão.
Silêncio e distância agora são os novos papéis do mercado político. Ações/inações nem tão virtuais compradas e silenciadas com dinheiro real.
Fotos daniel de andrade simões

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Futebol - Seleção de Rio Real 2 Bahia 1 - a seleção de Rio Real é movida a cajú, água de coco, manga, laranja, jaca, ar puro, água boa e banho de lua, por isso, não há tempo ruim para nossos craques.


seleção vitoriosa de Rio Real Sergipe, ôpa, digo Bahia
Os competentes técnicos da seleção de RR
domínio total da seleção de Rio Real






Nossa torcida desorganizada, uma hora torce para o Bahia outra hora para seleção de RR
Deri (irmão do blogueiro) e Jubinha (craque profissional) a direita
Jubinha nosso craque entre outros grandes jogadores da seleção de RR
O Bahia após derrota, caminha para ducha de água fria
fotos daniel de andrade simões




quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Rio Real Bahia - Origem (continuação) pelo Prof. Cosme Oliveira Pires

 Nesta região aqui da província, ou melhor, do norte da Bahia, havia um caminho real com esse objetivo de ligar o sertão desde os barrancos do rio São Francisco, até as praias do Oceano Atlântico, aqui no município de Conde e Jandaíra.  Essa trilha passava por paragens e foi aí que se descobriu a existência de uma grande área pantanosa com um brejo, foi aí que esses transportadores de mercadorias do sertão: feijão, milho, farinha e outros produtos agrícolas e aqui passavam para embarcar no porto de Cachoeira de Abadias ou ainda Mangue Seco. E obviamente, eles iam a tropas de mulas, eram chamados de catingueiros e nesta paragem que deu origem a uma aglomeração humana, de fato nesta fartura de águas muito puras, eles pernoitavam, descansavam, arriavam suas tropas, os animais se alimentam da vegetação existente, eles abasteciam os barris com águas, para prosseguir viagens, então, eram tanto da rota entre o sertão e o litoral.
E existia também, obviamente, para que eles pudessem trafegar uma estrada, que foi mandada a ser aberta pelo imperador, conhecida inicialmente como caminho real, e posteriormente chamado estrada real e neste ponto aqui, que deu origem ao município, margeava o Brejo Grande e ora ligava o litoral que passava a Itapicuru, Vila Rica hoje Crisópolis e seguia por Cícero Dantas e entrava sertão acima. E foi aí que se tornou conhecimento da existência desse ponto. E com esse movimento de vai e vem de transportes, foram construídos alguns barracos de palhas que seriam para repouso esses condutores de animais com suas cargas, chamados de catingueiros.
Portanto, é fato real a registros, onde muitas tropas desses catingueiros que passavam pela rua da presa em direção à cidade de Itapicuru e traziam consigo alimentos e cachaças, e esta rua teve vários nomes: antigo caminho real, estrada real, depois rua da missão e mais tarde rua da gameleira e foi daí que surgiram com a presença dos colonos, portugueses, ou descendentes direto de portugueses, as primeiras edificações nesta paragem, antes somente com construções de taipas, telhas ou palhas. E esses portugueses vieram justamente para colonizar, povoar, e em face da fartura de águas nesta região, eles dedicaram-se ao cultivo da cana de açúcar. Então, é interessante notar que entre 1.700 à 1.800 até 1.950, existiam engenhos, principalmente nas áreas rurais, onde a presença de rios, riachos, fontes e minadouros, naturalmente que propiciaram a cultura dessa cana de açúcar e eram chamados senhores engenhos...
fotos daniel de andrade simões

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

MARIGHELLA - O grande líder baiano da luta armada contra a ditadura militar e civil no Brasil. "Não tive tempo para ter mêdo" ...

Carlos MARIGHELLA completaria 100 anos nesta segunda-feira 5 de dezembro.

MARIGHELLA deixou uma marca indelével na luta do povo brasileiro ao longo do século 20. Teórico marxista, militante da luta popular, dirigente partidário, deputado Constituinte em 1946, e um dos principais organizadores da luta armada contra a ditadura militar na década de 60. ele foi também um poeta notável que, nos bancos escolares, costumava escrever suas provas em versos.
Aos 18 anos iniciou curso de Engenharia na Escola Politécnica da Bahia e tornou-se militante do Partido Comunista. Conheceu a prisão pela primeira vez em 1932, após escrever um poema contendo críticas ao interventor da Bahia. Em 1932 muda-se para o Rio de Janeiro. Em 1o de maio de 1936 Marighella foi novamente preso e enfrentou, durante 23 dias, as terríveis torturas da polícia. Permaneceu encarcerado por um ano sendo solto pela “macedada” – nome da medida que libertou os presos políticos sem condenação. Transferindo-se para São Paulo, Marighella passou a agir em torno de dois eixos: a reorganização dos revolucionários comunistas, duramente atingidos pela repressão, e o combate ao terror imposto pela ditadura de Getúlio Vargas. Voltaria aos cárceres em 1939, sendo mais uma vez torturado de forma brutal na Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo, mas se negando a fornecer qualquer informação à polícia. Recolhido aos presídios de Fernando de Noronha e Ilha Grande pelo seis anos seguintes, ele dirigiria sua energia revolucionária ao trabalho de educação cultural e política dos companheiros de cadeia. Anistiado em abril de 1945, participou do processo de redemocratização do país e da reorganização do Partido Comunista na legalidade. Foi eleito deputado federal constituinte pelo estado da Bahia. Com o mandato cassado pela repressão que o governo Dutra desencadeou contra o comunistas, Marighella foi obrigado a retornar à clandestinidade em 1948, condição em que permaneceria por mais de duas décadas, até seu assassinato.
Nos anos 50, exercendo novamente a militância em São Paulo, tomaria parte ativa nas lutas populares do período, em defesa do monopólio estatal do petróleo e contra o envio de soldados brasileiros à Coréia e a desnacionalização da economia. Cada vez mais, Carlos Marighella voltaria suas reflexões em direção do problema agrário, redigindo, em 1958, o ensaio “Alguns aspectos da renda da terra no Brasil”, o primeiro de uma série de análises teórico-políticas que elaborou até 1969. Após o golpe militar de 1964, Marighella foi novamente preso. Repetindo a postura de altivez das prisões anteriores, Marighella fez de sua defesa um ataque aos crimes e ao obscurantismo que imperava desde 1º de abril. Conseguiu, com isso, catalisar um movimento de solidariedade que forçou os militares a aceitar um habeas-corpus e sua libertação imediata. Desse momento em diante, intensificou o combate à ditadura utilizando todos os meios de luta na tentativa de impedir a consolidação de um regime ilegal e ilegítimo. Na ocasião, Carlos Marighella aprofundou as divergências com o Partido Comunista, criticando seu imobilismo. Quando já não havia outra solução, conforme suas próprias palavras, fundou a ALN – Ação Libertadora Nacional para, de armas em punho, enfrentar a ditadura. Na noite de 4 de novembro de 1969, Carlos Marighella tombou varado pelas balas dos agentes da repressão em uma emboscada montada na capital paulista pelo facínora símbolo da tortura e da repressão, Sérgio Fleury, sendo assassinado sem chance de defesa.

Postado por Erick da Silva em 12/05/2011 - http://www.aldeiagaulesa.net/
COMISSÃO DA  ANISTIA  RECONHECE QUE ESTADO PERSEGUIU E MATOU MARIGHELLA

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Rio Real - Cultura Nordestina - 5ª Feira Literária do Colégio Estadual Genivaldo Fonseca Costa

Sob a coordenação da diretora Ednalva Resende, professores, alunos, pesquisaram, produziram e se mobilizaram para esta bela mostra que apresentou para a comunidade escolar o folclore com o reizado, xaxado, dança do coco e clássicos da literatura do nordeste em peças teatrais, direção de Paulo, Dona Flor de Jorge Amado, Menino de Engenho de José Lins do Rego e Vidas Secas de Graciliano Ramos, muito bem interpretada pelos alunos e pelo realismo de Baleia, cadelinha símbolo da dificuldade daquela família para sobreviver ante a dureza do sertão e as injustiças sociais.
Parabéns à escola, professores e alunos por proporcionar a todos esta Feira Literária com a rica cultura do nordeste. É assim que se faz!
Stella Petrasi


Raimundo um grande sanfoneiro de Rio Real Sergipe



Ednalva Resende - competente e dedicada Diretora 


Chico cantor e jornalista






maravilhosa dupla da zabunba e safona


 Fotos daniel de andrade simões