quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Cadê Você Jacques Gayard ?

Paris 1975 foto daniel de andrade simões

Retalhos da Vida

foto daniel de andrade simões

FotoFalante - Retalhos de um Tempo

                                                           fotos daniel de andrade simões

sábado, 24 de setembro de 2011

terça-feira, 20 de setembro de 2011

"Não é o medo da morte que me assusta, mas de que vale esperar o sol se permaneço com frio agudo" !

Moçambique - Campo de reeducação da FRELIMO - Mirage a 4 minutos de Maputo, livro de Licinio Azevedo - foto daniel de andrade simões

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Jornalista, cineasta e escritor Licinio Azevedo relança: Moçambique com os mirage sul-africanos a 4 minutos

fotos daniel de andrade simões - 1980
A Revolução Moçambicana vista por um repórter brasileiro. Seus acontecimentos, seus momentos cruciais, sua atualidade. O cotidiano de personagens reais: o moçambicano colonizado, o militante, o colonialista que ficou. Um olho no passado, outro no futuro. Publicação com fotografias de daniel de andrade simões.


Wilson Barbosa e seu filho Muriatan em Moçambique (exílio1979)

                                                                             Próprio
                                                              Perdoar é próprio da vida
                                                              como será próprio o ato de amar
                                                              ao seu semelhante
                                                              Este ato, mais estranho
                                                              menos considerado
                                                              vaga sempre como veneno
                                                              no ar parado
                                                              Perdoar será próprio de quem ama
                                                              a seu filho, à sua propriedade, à sua mulher
                                                              Nem intente perguntar-me
                                                              porque próprio não é perdoar
                                                              Como é próprio o filho
                                                              como é própria a mulher
                                                              como é própria a propriedade.
                                                              (01.05.74)



Itaquê e Breno - fotos daniel de andrade simões

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Vozes Anoitecidas por Mia Couto

 São João Del Rei - Minas Gerais - foto daniel de andrade simões

Antigamente o mato, tão vazio de gente, me fazia medo. Pensava só podia viver nas pessoas, vizinho de gente. Agora penso o contrário. Já quero voltar no lugar dos bichos. Tenho saudade de ser ninguém”.

Ilha do Presídio ou Ilha das Pedras em Porto Alegre -RS



Tanta vida e um só corpo
muitos dias e estradas e um só olho
tantas vidas e uma só prá ser vivida - Dedé Ferlauto

Últimos presos (1981) da Ilha das Pedras ou Ilha do Presídio em Porto Alegre. Local em que foi torturado e morto pela ditadura militar e civil em 1966, o sargento do Exército Manoel Raymundo Soares, o "Mãos Amarradas" fotos daniel de andrade simões

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Pode chegar ...

foto daniel de andrade simões

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Um País para os Palestinos ! Nessa data (13 de setembro de 1999) Yasser Arafat assinou com Israel um acordo de paz...

  Arafat faleceu em 2004 e o entrevero por uma pátria para os palestinos, continua incerta - foto daniel de andrade simões

Nemésio Garcia e Sonia


Nemésio Garcia, um dos presos da Galeria F em Salvador Bahia, citado por Rui Patterson no Quem Samba Fica - Memórias de um ex-guerrilheiro -  foto daniel de andrade simões

Daniel e Getúlio dois presos da Galeria F em Salvador Bahia, citados por Rui Patterson em Quem Samba Fica - Memórias de um ex-guerrilheiro
 

daniel e nemésio - exílio 1976


daniel, sarrno e rui patterson - foto josé rollenberg

Cartunistas da Lemos de Brito - Pavilhão F - Salvador Bahia

foto daniel de andrade simões
"O que você acha da VAR  - (vanguarda armada revolucionária)? É um caso para estudo. Só vendo ! Ela taí,  né?

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Por Rui Patterson: Quem Samba Fica - Memórias de um ex-guerrilheiro baiano - Olha o Sol

                                 Para adquirir esta publicação entrem em contato com o autor:
                                                  ruipatterson@terra.com.br

- olha o Sol -
Era assim que Rui saudava mais uma nova manhã a seus companheiros de cadeia na Penitenciária Lemos de Brito, na Mata Escura, em Salvador.
Nunca esqueci. No meio de tanta merda, medo e dignidade misturados, o grito soava como sino de igreja para mim.
Tinha toque de esperança e poesia. Eu me comovia olhando o sol, sobretudo, indiferente e generoso, pairando sobre a prisão triste e silenciosa.
Aprendi a ver o sol no grito de Rui, e a acompanhar respeitosamente a sua caminhada cela a dentro.
Agora faz uma confissão de vida, e leio e releio a sua vida como se escutasse a sua declaração de amor ao sol na Galeria F da Penitenciária Lemos de Brito, na Mata Escura.
Uma confissão que não tem nenhum propósito de resgate heróico, mas tem a suma importância de humanizar e iluminar, agora com palavras, uns cantos escuros da história da ditadura na Bahia, e sempre com um profundo toque de humor e carinhosa ironia. ...
Trechos do prefácio Travessia escrito pelo companheiro Carlos Sarno
fotos daniel de andrade simões
Rui, Pablo, Isadora e Laura Patterson

domingo, 11 de setembro de 2011

FotoFalante - Porto Alegre RS


fotos daniel de andrade simões
"Dor sentia quando lembrava que tudo o que queria dizer andava afogado nas próprias palavras" Dedé Ferlauto

sábado, 10 de setembro de 2011

Voltando as Costas por Jacques Schwarzstein

foto daniel de andrade simões

                                                                   Voltando as costas
                                                                   aos desvairados tiranos
                                                                   Cruzando imensos
                                                                   e verdes oceanos
                                                                   Pensando ser Deus,
                                                                   e de certo um pouco insano
                                                                   Vai moldar o mundo à imagem,
                                                                   que lhe devolve o espelho

                                                                   Mais justo, mais humano,
                                                                   e mais ....Vermelho

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

FotoFalante - os Abstrasomos do Gueto

o amigo abstrasomos, Cláudio Noronha, ator do "Por Quem os Sinos Dobram" do cineasta Luiz Carlos Sibila Barbosa em super 8 Paris 1975
fotos daniel de andrade simões

Coojornal - Sabotado pela Ditadura Militar e Civil

foto daniel de andrade simões
Combativo jornal,  fechado em 1982 pela ditadura. Fazia parte de um dos 26 jornais publicados pela Coojornal- Cooperativa de Jornalistas. Quatro dos seus dirigentes (editores) foram presos por publicarem verdades sobre o Exército. Pressionaram os anunciantes e levaram a falência. Grande e valoroso projeto dos jornalistas gaúchos. Eu, Daniel de Andrade Simões era fotógrafo e editor da Coojornal.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Rui Patterson autor de Quem Samba Fica - "Não achei grande coisa a Mona Lisa. Guernica deixou-me horas com os olhos marejados"

                                              Rui e Sarno 1994 - fotos daniel de andrade simões


"Rui provavelmente vinha preparando esse encontro. Um encontro com ele mesmo. E com suas companheiras e companheiros de viagem.  Um encontro marcado. Há muito tempo. Sem que talvez ele mesmo se apercebesse disso. A vida foi tecendo esse encontro, passo a passo. Foi escrevendo esse livro. Desde o momento em que ele, Rui, fez andar pelas ruas palavras de ondem contra a ditadura. inscritas num jegue.
Maldade e bondade cometidas nas ruas de Ipiaú, agradável cidade do Sul da Bahia, em tempos de ousadia e juventude e sonhos que não se aprisionavam nos limites da lei, que não temiam a ditadura. Porque nós éramos os que amávamos - e amamos - a revolução". Emiliano José,  no Posfácio do Quem Samba Fica...

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Golbery: benfeitor em Rio Grande, malfeitor no Brasil - por LUIZ CLÁUDIO CUNHA

Monumento ao Tolete  - foto daniel de andrade simões


Luiz Cláudio Cunha  -  OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
O aziago mês de agosto do ano da graça de 2011 marcou a confluência de duas comemorações contraditórias: os 45 anos do afogamento sob torturas do ex-sargento do Exército Manoel Raimundo Soares e os 100 anos de nascimento do general Golbery do Couto e Silva.
Uma exalta a memória, outra ofende a história – uma ofensa com o beneplácito do silêncio cúmplice da imprensa.

Em 1966, ainda agosto, o cadáver putrefato do sargento veio à tona num dos afluentes do lago Guaíba que banha Porto Alegre, após 152 dias de tortura num quartel do Exército e nas celas do DOPS. Aflorou nas águas barrentas do rio Jacuí com os pés e as mãos amarradas às costas, marca brutal da tortura que estarreceu até o homem que, dois anos antes, iniciara o golpe que impôs a ditadura: “Trata-se de um crime terrível e de aspecto medieval, para cujos autores o Código Penal exige rigorosa punição”, indignou-se o general Olympio Mourão Filho, então ministro do Superior Tribunal Militar (STM).

O “Caso das Mãos Amarradas” ficou ali, boiando no medo viscoso de alguns, constrangendo a inércia de muitos, incomodando a consciência de todos. Apesar dos 20 nomes envolvidos na prisão, tortura e morte de Soares – dez sargentos, três delegados, dois comissários, dois tenentes, um guarda-civil, um major e um tenente-coronel do Exército –, o IPM foi arquivado sem que ninguém fosse denunciado. No último dia 26 de agosto, aniversário de sua morte, o sargento Soares foi lembrado em Porto Alegre com a inauguração de um monumento em um parque às margens do Guaíba de onde seu cadáver emergiu para a história.

A viúva, dona Elizabeth, abriu um processo em 1973 contra a União pedindo indenização por danos morais. Sucessivamente, nos últimos 16 anos de presidência dos democratas Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, a União recorria teimosamente da sentença para defender os assassinos da ditadura. Dona Elizabeth morreu no Rio de Janeiro em 2009, aos 72 anos, com as mãos amarradas pela impunidade e o coração sangrado pela amargura – ainda sem saber o nome dos assassinos do marido, sem ser indenizada pelo Estado que o matou, sem ver a homenagem tardia ao sargento, trucidado aos 30 anos de idade.
O repúdio da terra
No domingo anterior, 21 de agosto, uma cerimônia parecida resgatou a lembrança de outra ilustre figura, morta em 1987: o mentor da ditadura que supliciou e assassinou o sargento, o general Golbery do Couto e Silva, nascido exatamente um século antes em Rio Grande, o porto mais importante do extremo sul do país. O prefeito da cidade, filiado ao PMDB bastardo que nada lembra o MDB velho de guerra que combateu o regime militar, plantou na praça Tamandaré a pedra fundamental de um busto em honra ao filho ilustre, conterrâneo do almirante e patrono da Marinha.

A mais alta autoridade militar no ato da praça era um major da guarnição local, o 6º GAC (Grupo de Artilharia de Campanha). Nem o comandante, um tenente-coronel, apareceu por lá. Era a terceira tentativa de homenagear Golbery na sua terra natal: as duas anteriores, para dar seu nome a uma rua, foram negadas pelos vereadores. Até que, no Natal de 2009, o projeto do busto foi aprovado na Câmara local com um único voto contrário.

O pequeno diário de 16 páginas da cidade, Agora, nasceu em setembro de 1975, quando Golbery estava no auge de seu poder como chefe do Gabinete Civil do general Ernesto Geisel. O editorial do Agora que defendia a homenagem, sob o título “Dívida de gratidão”, relacionava alguns benefícios que o general trouxe para sua terra: mudou para lá a sede do 5º Distrito Naval, antes baseado em Florianópolis, defendeu a construção do sistema que capta água do canal de São Gonçalo, facilitou a pavimentação de uma avenida e ruas do bairro Cidade Nova. Apesar disso, dois de cada três habitantes da cidade não são nada gratos a Golbery.

Uma pesquisa onlineno site do jornal, perguntando aos leitores se concordavam ou não com a homenagem, mostrava no domingo (4/9) que Golbery é mais detestado (67,55%) pelo envolvimento com a ditadura do que louvado (32,45%) pela mera condição de riograndino. No fim de semana, mais de 900 pessoas já haviam firmado um abaixo-assinado virtual contra o general, a ser entregue ao prefeito de Rio Grande (ver aqui).

Estrutura gongórica
O busto de Golbery na maior praça do interior gaúcho, com 44 mil m², um terminal rodoviário, uma pracinha infantil e um minizoo, vai dividir espaço com figuras ainda mais famosas: as hermas de Napoleão Bonaparte, Guglielmo Marconi, Marquês de Tamandaré e Jesus Cristo e os restos mortais do general Bento Gonçalves, líder da Revolução Farroupilha (1835-1945).

Haverá quem considere justa a homenagem a Golbery como benfeitor de Rio Grande.
Mas muitos, muitos mais, têm justa razão para lembrar de Golbery como malfeitor do Brasil.

Basta compulsar sua atribulada ficha militar, com uma sádica inclinação pelo mal, pelo conluio, pela trama, pelo ardil, pela conspiração contra a lei, o direito e a Constituição. Golbery tinha um especial fascínio pela manipulação das pessoas certas para fazer as coisas erradas de uma forma inteligente, um talento na hora certa para fazer a coisa errada, uma habilidade que induzia o bem para o mal e dava a uns e outros a errada e útil convicção de cometer o erro como se acerto fosse.

Um típico circunlóquio, uma perífrase, que lembra bastante a parábola do poeta grego Arquíloco, do século 6 a.C., usada pelo pensador inglês Isaiah Berlin no seu famoso ensaio sobre O porco-espinho e a raposa. Ensinava: “A raposa sabe muitas coisas, mas o porco-espinho sabe uma grande coisa”. Golbery pescou este ensinamento e o cravou na conclusão do segundo capítulo (“Aspectos Geopolíticos do Brasil, 1959”)de seu perifrástico Geopolítica do Brasil, uma seleta de ensaios de sua gongórica estrutura mental, juncada de mapas, esquemas, hemiciclos, geistória, ecúmenos e outras esquisitices.

Os verdadeiros inimigos
Contrariando seu próprio mito, Golbery parecia menos a raposa e mais o porco-espinho. Ele, ao contrário dela, vê o que é essencial e ignora o resto, desprezando a complexidade em torno para concentrar a mira no objetivo central. No mundo bipolar da Guerra Fria do pós-guerra, Golbery enrolou-se cuidadosamente em seu anticomunismo, escolheu o lado e apontou todos os espinhos para a cruzada de salvação que embolou o estamento militar e a elite empresarial numa esfera redonda, pontiaguda e ideologicamente coesa na luta contra o inimigo comum. Como na fábula, e apesar da felpuda astúcia dos inimigos, o porco-espinho de Golbery sempre vence. Como venceu, na maioria das vezes, nas duas espinhadas décadas da ditadura instalada em 1964.

Diferente do tosco sargento afogado no rio Jacuí, o general que emergia no Rio Grande era, desde criança, uma cabeça privilegiada, voraz, ardilosa. Golbery queria saber uma grande coisa, como o sabido porco-espinho, mas também queria saber muitas coisas mais, como a raposa astuta. Com 11 anos era o orador da turma da escola municipal num discurso na capela da igreja da Conceição, em 1922, pedindo a recuperação de Ruy Barbosa, adoentado no Rio. Com 14 anos já tinha lido a maioria dos clássicos da literatura portuguesa. O boletim na escola brilhava com notas 9 e 10 em matemática, português, línguas, ciências.

Com 15 anos ele se formou em ciências e letras no ginásio, exibindo a melhor média da história do colégio: nota 9,3. Aos 16 ingressou na Escola Militar do Realengo, no Rio. Aos 18 o cadete Golbery já era o redator-chefe da Revista da Escola Militar. Em meados de 1929, o precoce conspirador afiava os espinhos no texto principal da revista, intitulado “Antimilitarismo”, avisando:

“Não é caso inédito o fato de batalhões e regimentos e de guarnições de navios de guerra empunharem armas contra o Governo e de mesmo haverem, ao lado dos revolucionários, deposto um chefe de Estado e eleito outro. Os partidários políticos da oposição a um governo não são, propriamente falando, antimilitaristas. Os verdadeiros inimigos das classes armadas são, de fato, os anarquistas e a maior parte dos socialistas”.

Do nazismo à ditadura
Com 19 anos chegou a segundo-tenente e deixou Realengo na crista de sua primeira revolução, a de 1930, como aspirante da primeira turma da nova ordem. Com 33, o capitão Golbery ingressou na War School de Fort Leavenworth, no Kansas, por onde anos antes passaram os generais Eisenhower e Patton, heróis da Segunda Guerra Mundial. No final do ano estava no front italiano da guerra, com a FEB, fazendo o que gosta como oficial de inteligência e informações. O capitão que lutava contra o nazismo, em 1944, mudaria de lado duas décadas depois, como coronel, para implantar a ditadura de 1964.

Os graves desvios de conduta de Golbery, contudo, começaram dez anos antes. Em 1954 redigiu o manifesto de 82 coronéis e tenentes-coronéis que protestavam contra o aumento de 100% do salário mínimo decretado por Getúlio Vargas. A primeira subversão de Golbery acabou derrubando João Goulart do Ministério do Trabalho e o general Ciro do Espírito Santo do então Ministério da Guerra.

Em 1955, nova insubordinação: Golbery escreve o discurso que o coronel Jurandyr de Bizarria Mamede lê no enterro do general Canrobert Pereira da Costa, líder da oposição militar a Getúlio. É a senha para tentar barrar a posse de Juscelino Kubitscheck, que Golbery espicaça como “indiscutível mentira democrática”. Ganhou espinhosos oito dias de cana por conta do marechal Lott, o ministro da Guerra que abortou o golpe. Em 1961, o teimoso porco-espinho de Golbery reaparece no texto bicudo em que os três ministros militares – ébrios pelo bafo inesperado da renúncia de Jânio Quadros – tentam vetar a posse de João Goulart, detonando a resistência popular em torno do governador Leonel Brizola e a vitoriosa “Campanha da Legalidade”, que festejou meio século agora em agosto.

O pai do monstro
A raposa de Brizola, daquela vez, venceu o ouriço de Golbery. O troco viria três anos depois. Em menos de 90 dias, Golbery já aprontava de novo, assumindo no final de 1961 a conspiração científica do golpe em andamento, pilotando o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, o notório IPES, que coordenava empresários, jornalistas, políticos, sindicalistas, agitadores, marqueteiros e militares a partir de 13 salas do 27º andar do edifício Avenida Central, no centro do Rio de Janeiro. No início de 1963, o aparelho subversivo de Golbery já mobilizava 320 dos maiores empresários, de famílias tradicionais do país a poderosas corporações estrangeiras. Era um cartel golpista das 278 maiores empresas do país, que cortavam no ato a publicidade de qualquer jornal, revista, rádio ou TV que desse apoio ao governo Goulart. O porco-espinho, afinal, sempre vence.

Dali, afundado cada vez mais na senda da ilegalidade, Golbery operava o grampo de três mil telefones só na capital fluminense. Com a vitória do golpe, em 1964, Golbery criou e assumiu o Serviço Nacional de Informações (SNI), montado a partir da grampolândia inaugurada por ele no IPES. “O SNI era uma aberração do Estado”, definiu o jornalista Lucas Figueiredo, autor de Ministério do Silêncio, um brilhante histórico do serviço secreto no Brasil, desde Washington Luís (1927) até Lula (2005). Seis meses após a posse de Costa e Silva como o segundo general da ditadura, o diretor do combativo Correio da Manhã, Edmundo Moniz, profetizava em editorial de fins de 1967:

“O SNI ainda não se transformou numa Gestapo ou na KGB dos tempos de Hitler e Stálin. Mas começa a engatinhar e mostrar os dentes. Dentro em breve poderá firmar-se em suas quatro patas. É um filhote de monstro!”.

O SNI gestado e encorpado por Golbery agia dentro, fora e acima do governo, imune a controles externos do Judiciário e do Congresso. Fazia e acontecia, consagrando o Estado da delação e infiltrando o Big Brother do regime em todas as instâncias dos governos, das cidades do interior às capitais, das estatais à Esplanada dos Ministérios. Dois meses após deixar o governo do general João Figueiredo, no rastro do frustrado atentado terrorista do Riocentro, em meados de 1981, Golbery ecoava o que o jornalista prenunciara 14 anos antes: “Criei um monstro!”. O general, enfim, já não conseguia controlar os espinhos de seu porco de estimação.

A ditadura, sempre
O melhor prontuário do general que saiu de Rio Grande para desestabilizar a democracia brasileira, já em 1954, e arquivá-la por duas décadas, a partir de 1964, está na magistral tetralogia do jornalista Elio Gaspari sobre as Ilusões Armadas, publicada entre 2002 e 2004. Ali, o “feiticeiro” Golbery divide o palco, a cena, os bastidores, o enredo, a trama, os aliados, os inimigos e o poder com o “sacerdote” Ernesto Geisel, seu companheiro de conspiração e trincheira de luta militar e política, do início dos anos 1950 ao final da década de 1970. Os quatro volumes estão ancorados em 25 caixas do arquivo pessoal de Golbery, com cerca de cinco mil documentos, em 220 horas de conversas gravadas com Geisel e seu staff e no arquivo privado e no diário pessoal do capitão Heitor Ferreira, sucessivamente secretário particular de Golbery (1964-67) e de Geisel (1971-79).

Com base nesses papéis e depoimentos, é possível perceber na obra de Gaspari o ecúmeno do pensamento golberyano, pela via oscilante da “sístole” e da “diástole” política que, em rodízio, explicariam os momentos de contração (centralização autoritária) ou dilatação (descentralização democrática) de nossa história, a partir da cardíaca imagem de Golbery. O comprometimento do general nesse processo espinhoso fica mais bem definido pelo título comum que atravessa os quatro volumes da obra – A Ditadura –, redefinida pelas circunstâncias históricas de cada período, de Castelo Branco a Geisel: Envergonhada, Escancarada, Derrotada eEncurralada.

São ditaduras diferentes, mas sempre ditadura. Sem perífrase.

É disso que se trata: Golbery do Couto e Silva, com seu engenho e arte voltados para o mal, pensando, agindo, criando, fazendo e acontecendo para desfazer o Estado democrático e impor o seu modelo autoritário, afinado com sua “doutrina de segurança nacional”, imune à suposta contaminação ideológica que o regime liberal, mais do que permitia, induziria.

A derradeira afronta
Era o general e seus comparsas agindo com a máquina do Estado, todo poderoso, contra o cidadão, todo intimidado. Em alguns momentos, Golbery esteve mais distante do centro do poder militarizado, não porque divergia dele, mas por mera medição de força ou simples cálculo político.

Golbery não afrontava o “Sistema”. Golbery era o próprio “Sistema”, pensado e criado para sobreviver às suas peculiares sístoles e diástoles. Sempre preservando o Estado, mesmo que à custa do cidadão, do eleitor – do povo, enfim, de quem toda ditadura prescinde.

Quando Golbery rompeu com Figueiredo e saiu do governo, em 1981, não era por súbita devoção democrática. Era por aversão absoluta àquele que queria ser o sexto general-presidente do regime, Octávio Medeiros, então chefe do renegado SNI. A alternativa presidencial de Golbery, como se sabe, define bem o caráter do general: era Paulo Maluf, o nome civil que a ditadura embalava para lhe dar uma sobrevida no Colégio Eleitoral. O sonho de Golbery foi atropelado pela vitória do adversário Tancredo Neves e virou pesadelo com a posse inesperada do ex-aliado José Sarney.

A confirmação do busto do general em Rio Grande não seria só um novo espinho, cutucando a memória, machucando a consciência.

A intempestiva irrupção de Golbery na praça do povo poderia ser a última afronta do general contra a história do povo que ele sempre combateu, tolheu, bisbilhotou e desrespeitou por atos, fatos e manifestos.

Será que o porco-espinho vai vencer, pela última vez?

Olha o Sol...

foto daniel de andrade simões - Carlos Gonçalves, Moema e Stella no Guaíba

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Pedras do Mundo Inteiro, Uni-vos ! Essa foi uma bela iniciativa do Fórum Social Mundial que aconteceu em 2002 em Porto Alegre


fotos e texto daniel de andrade simões
Essas pedras simbolizam o encontro das nações e povos do mundo em Porto Alegre. Elas foram colocadas  como marco do Fórum Social Mundial no Parque Marinha do Brasil. Um dos mais belos parques da cidade. Hoje esse símbolo do encontro, vem sendo depredado por vândalos e pelo descaso do poder público. Apelamos ao companheiro Prefeito Fortunatti e ao Governador Tarso Genro para que seja  restaurado e quem sabe, encontrado outro local para sua instalação. Um bom lugar, talvez, seja junto ao recém inaugurado pela Caravana da Anistia, o Monumento ao "Mãos Amarradas", sargento Manoel Raymundo Soares torturado e morto em 1964 pela Ditadura Militar e Civil do Brasil.

sábado, 3 de setembro de 2011

Olha o Sol ... Hoje, 3 de setembro - 42 anos de minha prisão pela ditadura em Alagoinhas, Jacaré de Dentro

                                                  foto e texto daniel de andrade simões
Rui Patterson autor de "Quem Samba Fica" Memórias de um ex-guerrilheiro, além de relatos incriveis desse período das lutas na Bahia contra a ditadura, consegue montar o tabuleiro de xadrez, respondendo muitas das questões sobre o funcionamento da esquerda baiana, no campo e na cidade. E eu Daniel de Andrade Simões, era uma dessas peças tentando seguir as ordens do Marighella, Che e Mao Tsé Tung em criar um foco guerrilheiro em Alagoinhas. Vários Vietnãs enfraqueceriam os imperialistas americanos. A vitória contra os ianques era certa. O importante era ser um rato que ruge, dizia o Mao. Esse Rui Patterson !..."No terreiro lá de casa, não se varre com vassoura, varre com ponta de sabre, bala de metralhadora. Com esse refrão, Geraldo Vandré embalou e deu firmeza a muitos aprendizes de guerrilheiros. O cinema, teatro, música,   compraram briga com Lampião e Maria Bonita ...continuando a música, quem é homem vem comigo, quem é mulher fica e chora ! Sem as Marias Bonitas ou feias, essa luta não traria bons resultados. Virgulino e seu bando, contribuiram com a rebeldia, cheia de humor e ousadia. No teatro, música do gil, caetano, chico, nei lisboa, entre milhões de alucinações. Restaram  as filmagens do árabe Benjamin elas valem muito, é uma prova da semelhança que há entre o imaginário exército de Brancaleone e o bando de Lampião, somos cabras bons,  brincantes do sertão !

Zete Apresenta: As Netas de João Barbeiro de Rio Real: Gueven Brito, mais uma pedagoga para o mercado de trabalho baiano

Gueven Brito, pedagoga, (pedagoga mesmo, não é palavrão...) irmã de Eurides, outra  pedagoga filha da Maria Simões, minha irmã Zete. Guerreiras na luta contra o analfabetismo. Ousar lutar ousar viver ! Parabéns Gueven, voce é a quinta filha da Zete formada. Vamos aguardar o Yuri que  terá seu canudo por direito e em direito (em lutas marciais ja é  formado) em setembro 2011. Parabéns Zete, Gabriel, irmãs, enfim, parabéns a familia e todos formandos da turma.


Filhas, filho e neta da Zete: Laudinete, netinha, Yuri, Gueven, Lea e Eurides.  foto daniel de andrade simões


Isso mesmo meu guri, vamos trocar essa gravata por um canudo. Estudante tem que estudar.
Laudinete (Webdesing) e sua mãe Zete, Maria Simões

Lucilea (administradora) e Luiza, filha e neta da Zete,

As pedagogas baianas, alegria e sorte na vida, votos da Saitica
fotos realizadas por Marcelo Franca e Gabriel Brito