segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Admirar sem Imitar - por Grindo De Cesaro

 Imperador e Senador do Amapá Sarney e Ulisses Guimarães timoneiro da democracia- foto daniel de andrade simões

Sarney e Jorge Amado juntos numa foto, conversando como velhos amigos. Há cerca de 30 anos atrás. O primeiro é filhote direto da ditadura militar e oligarca do Maranhão, mamando recursos do governo quando o fascismo era a solução adotada desde 1964. O segundo foi o nosso querido escritor, e um comunista que chegou a deputado federal na constituinte de 1946, com aquela coragem típica dos nossos grandes nomes da época, os tempos da velha e repressora sociedade em início de decadência, das grandes lutas pelo mundo com a emancipação de inúmeros países libertando-se do jugo colonizador. Pois não entendi e, radicalizado como estava nos meus 30 anos, cheguei a emputecer com o Jorge Amado. Como explicar aquela "conciliação" com um "burguês nojento e ladrão", lambessaco de generais? Comentava com amigos: como pode um comunista exemplar conversar com um sujeito daqueles? Pois é. Mais tarde soube que o Sarney era metido a poeta, que admirava as obras do Jorge Amado, que haviam se tornado grandes amigos. Foram necessários mais alguns anos para que entendesse a atitude elevada do Jorge e do próprio Sarney: criaram um vínculo pela literatura e deixavam de lado suas opções ideológicas ou seja lá o que haviam feito no passado. O comunistra capaz de reconhecer a parte boa do burguês e o burguês capaz de aceitar o lado poético do comunista. Talvez tenham se aproximado por outras razões, o Sarney buscando vender outra imagem, sei lá; mas prefiro ficar com essa capacidade civilizatória do homem que, mesmo com todas as razões para atitutes hostis e odiosas, demonstram uma exemplar virtude que separa a nossa parte boa do resto dos nossos fracassos, do nosso horrível passado humano, da nossa sangrenta História.

Salvador - Manoel Lima de Matos e Dona Regina e Zequinha primos da pensão 13 de Maio - Manoel ainda guri formou um grupo de twist

Sra. Regina e Sr.Álvaro
 Zequinha e D.Regina - fotos álbum da família Matos

Sr. Álvaro Matos e netas filhas da Emília

Dona Regina Matos mantinha uma pensão de estudantes em Salvador em que a maioria era como ela,  filhos de Rio Real, foi nossa conselheira e amiga. O mesmo carinho e atençao dispensados aos filhos: Emília, Eduardo, Manoel, Antonio, Zequinha, ela  dispensava aos seus hóspedes estudantes. Manoel, aos 15 anos criou um grupo de dançarinos e intérpretes de Chubby Checker e fazia muito sucesso com let's twist again.


sábado, 29 de janeiro de 2011

Lauro Francisco Hampe Da Poian - um colecionador de amizades, pegou carona na estrela azul e foi para outro plano astral

foto daniel de andrade simões
Morreu ontem aos 65 anos (28 de janeiro 2011)  o industrial e colecionador de carros e amigos Lauro Da Poian.

Não é mamãe ... é o artista Edu Ká

foto daniel de andrade simões - slide 1994 (?)

Roberto Silva - escreveu: mais estas fotografias feitas com minha camarazinha bundográfica - dedico-me à bundografia, agora


fotos e texto roberto silva - bundográfo

Inventei a palavra "recência".
Pois, recência é a qualidade daquilo
que foi feito há pouco tempo,
aquele frescor, ou aquele calor.
Feito pãozinho quente comprado
às seis da manhã na padaria, pura recência.
Então te mando uma foto que fiz
faz umas duas horas, lá no
Espaço Cultural, uma espécie de
Usina do Gasômetro, aqui de JP.





sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ferrovia de Rio Real e irmãos que andam na linha esperando a volta da Maria Fumaça

foto josé daniel craidy simões

Yuri (a esquerda) pai das crianças acima,lutador e advogado, vence mais uma questão disputada no ringue baiano

Bela safra de sobrinho e sobrinhas baianos de Salvador, Leticia Maria 4 anos, Marina Creuza 14 anos e Norman 18 anos, filhos do meu sobrinho Iury Carlton, estudante de direito e campeão de luta livre - foto iury carlton simões

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Malangatana - Pintor escultor e revolucionário moçambicano morreu no dia 5 de janeiro de 2011

foto daniel de andrade simões

Malangatana por Mia Couto

A Alma
Somos ricos em homenagens e, grande parte das vezes, fazemo-las tardiamente. Arriscamo-nos, desse ponto de vista, a ser um país póstumo. As homenagens podem bastar para gente que tem ausência
O país chorou e, com verdade, Malangantana. Todos, povo, partidos, governo foram verdadeiros na dor da despedida. Vale a pena perguntar, no entanto: fizemos-lhe em vida a celebração que ele tanto queria e merecia? Ou estamos reeditando o exercício de que somos especialistas: a homenagem póstuma? Quem tanto substitui pedir por conquistar acaba confundindo chorar por celebrar. E talvez o Mestre quisesse hoje menos lágrima e mais cor, mais conquista, mais celebração de uma utopia nova. Na verdade, Malangatana Valente Ngwenya produziu tanto em vida e produziu tanta vida que acabou ficando sem morte. Ele estará para sempre presente do lado da luz, do riso, do tempo. Este é um primeiro equívoco: Malangatana não tem sepultura. Nós não nos despedimos...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Cinzas - por Jaime Cardoso para os poetas e cantores da Revolução dos Cravos em Portugal - desertor da guerra colonial portuguesa em Angola

foto daniel de andrade simões

Cinzas - por Jaime Cardoso, poeta do Exílio


A chama desaparece,
Mas a luz e o calor resistem:
Brilha a estrela morta,
A brasa dormida ainda aquece.
Com correta medida,
Rigor e precisão,
Sempre algo se descobrirá,
Em meio ao frio e à escuridão,
Da luz e do calor, da vida.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Uma Rosa para Oderfla Almeida por Lucia Ribeiro Bittencourt

foto daniel de andrade simões

VIVA O FLA FLÁ!!!!!

Era nos idos de sessenta e oito. O baiano recém-formado, saiu foragido de Salvador – havia uma caça aos meninos da Universidade Federal da Bahia que redigiram o jornal da filosofia, intitulado O Grito.
O baiano aportou no Rio de Janeiro para trabalhar e conquistar novos amigos. Logo, logo isto aconteceu e uma das suas principais conquistas veio a ajudar a forjar a sua nova dimensão de homem do mundo. O cara era Oderfla Almeida.
De camisa listrada, batuque debaixo do braço (fosse ele atabaque, bongô ou qualquer outro instrumento que merecesse um toque mágico de um negro que trazia no sangue a limpeza de sua ancestralidade) lá estava ele, enchendo de alegria o apertamento da rua Silveira Martins, no Catete.
E se não tocava, falava e gesticulava incansavelmente – aquela era a sua marca. Essa figura marcou nossos dias naqueles saudosos finais dos anos sessenta e inicio dos setenta, quando o sonho realmente passou uma vara seca por sobre nossas cabeças e aí, nada mais pôde ser igual.
Não sei mais o que ocorreu ali, mas sei que depois de setenta e sete, quando aquele baiano viajou pro infinito, o batuqueiro fazedor de notícias, o jornalista fazedor de sons começou a pintar na Bahia e ali também participou de nossa vida – da minha e dos meus filhos, sempre com aquela energia de 1000 wats, sempre trazendo bons fluidos, boas mensagens de vida, alegria e positividade.
Agora eu soube que essa energia se apagou. Choro de emoção. Não queria que as coisas fossem assim. Oderfla é um desses caras que não podiam morrer. Oderfla devia ter um pedestal prá quando a gente estivesse triste, fosse ali e ele batesse um atabaquezinho e a gente saísse dali sorrindo e cantando.
Esquecemos, porém, que ele também tinha carne e osso. Que ele também foi pego pelas tramas que a vida nos apronta. Nosso amigo, a esta altura, descolou–se desta e foi encontrar algumas pessoinhas muito especiais que estão do lado de lá. Desde seu filhote até Luiz Bittencourt, Marinus Castro e Cia.
E, imaginemos: deve estar um grande parangolé, naquelas bandas.
Rezemos apenas. Entreguemos nossa saudade a Deus. Ele sabe tudo, porque essas coisas acontecem assim.
E guardemos essa saudade gostosa, do gesticulador sambeiro, do sambista de gestos e batuques eternos.
Que Viva o FLÁ FLÁ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



Francisco Fanhais - Compositor e cantor da Revolução dos Cravos em Portugal

foto daniel de andrade simões

Francisco Fanhais, sacerdote e compositor português. Lutou contra a ditadura Salazarista, companheiro de Zeca Afonso outro brilhante cantor e compositor revolucionário, autor de Grândola, Vila Morena, espécie de senha da Revolução dos Cravos

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Convite por Jaime Cardoso

foto daniel de andrade simões - moçambique 1976 - forte Apache


De Jaime Cardoso
Para Wilson Barbosa
Exílio no Chile 1973 

Convite
Wilson amigo
vamos embora
da terra do clic clac plac
da terra do tic-tac
onde o tempo
cataplum !
anda em zig-zag
vamos no vento
no sonho
no zzzz das abelhas fugidias
-primavera ?!
RRRR
VVVV
Vamos nas ondas
no chuá
pétreo das costas
Vamos
Vamos
e não me pergunte
por que demônios estou esperando

História da Rã que não sabia que estava sendo cozida

foto daniel de andrade simões

Imagine uma panela cheia de água fria, na qual nada, tranquilamente, uma pequena rã.
Um pequeno fogo é aceso embaixo da panela, e água se esquenta muito lentamente.
(Fiquem vendo: se a água se esquenta muito lentamente, a rã não se apercebe de nada!) pouco a pouco, a água fica morna, e a rã, achando isso bastante agradável continua a nadar,
A temperatura da água continua subindo...
Agora, a água está quente mais do que a rã pode apreciar;
ela se sente um pouco cansada, mas, não obstante isso, não se amedronta.
Agora, a água está realmente quente, e a rã começa a achar desagradável, mas está muito debilitada; então, suporta e não faz nada.
A temperatura continua a subir, até quando a rã acaba simplesmente cozida e morta.
Se a mesma rã tivesse sido lançada diretamente na água a 50 graus, com um golpe de pernas ela teria pulado imediatamente para fora da panela.
Olivier Clerc

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Pedaladas em Rio Real - Itapicuru-Ba. por José Daniel Craidy Simões




Era 3 de dezembro, e a pedalada ao Rio Itapicuru, deveria começar cedo. Quatro bicicletas, uma moto, 3 litros d’água e o calor do sertão. Logo chegando a água acabou e a pesca dos camarões com as mãos teve seu início. Rapidamente os 6 pescadores reuniram um bom bocado de camarões de água doce e duas rolinhas.
Déri fez o fogo, Nelito um delicioso molho de coentro, cebola e tomate. Ozan foi caçar Teiú.
O rio Itapicuru parece um vale Lunar. Pedras esculpidas em milhões de anos. Referencia astral para Bez Batti. Esculturas à décima potência, riqueza desconhecida.
Após a endêmica refeição, repouso dentro do rio para refrescar. Fotos do leito e da ferrovia que o margeia.
No retorno passamos pelo vilarejo da Puba. Bicicletas e calor. Adiante uma parada para beber cocos. Os melhores cocos que já tomei, mesmo sendo coco quente. Recuperados, a pedalada seguiu em ritmo acelerado até Rio Real. Memorável.

texto e fotos josé daniel craidy simões

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Olhos Vazios Olhos vazados por Jaime Cardoso

foto daniel de andrade simões

Olhos Vazios
Olhos vazados
(os olhos acolhem
a realidade
da mesma maneira que expulsam
uma lágrima)
Olhos vazios
Olhos fechados

Vendedor de Castanhas de Caju da Paraíba por Roberto Silva

foto roberto silva

Um vendedor de castanha de caju,
fotografado com a minha nova camerazinha
Samsung, que cabe no bolso de trás
da calça e a gente quase nem sente a presença
da bichinha, de tão piquinim que é.
Ou seja: é uma câmera bundográfica.
Roberto Silva
(Bundógrafo)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

LoUcalidade


fotos daniel de andrade simões
E o que é um autêntico louco ?

É um homem que preferiu ficar louco, no sentido socialmente aceito, em vez de trair uma determinada idéia superior de honra humana.
Assim, a sociedade mandou estrangular nos seus manicômios todos aqueles dos quais queria desembaraçar-se ou defender-se porque se recusavam a ser seus cúmplices em algumas imensas sujeiras.
Pois o louco é o homem que a sociedade não quer ouvir e que é impedido de enunciar certas verdades intoleráveis.
Antonin Artaud

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Edna Tosatth proprietária de uma pousada em Teresópolis no Rio sobreviveu ao Tsunami na floresta

Texto Jacques Schwarzstein - foto daniel de andrade simões

 Edna  estava aqui no Rio fazendo exames e consultas médicas, mas resolveu subir o morro na 3a. A água despencou na madrugada de 3a para 4a. Perdemos o contato com ela. O celular não respondia.Nas internet eu vi que o Jardim Salaco, que é o canto onde Marquito comprou a casa deles, era uma das áreas isoladas e mais atingidas.Hoje pela manhã resolvemos subir para ver se conseguíamos chegar lá.Eu não me preocupava com a casa, que fica bem no alto, longe do leito do Rio, e tem por trás uma mata densa que segura a encosta.Mas era preciso tirá-la de lá.Algumas das fotos são do caminho.Quando não foi mais possível continuar de carro, seguimos a pé.A estrada desapareceu. Atravessar as barreiras era meio que perigoso.Muita gente descendo com suas tralhas nas costas e nós subindo. Marquito conseguiu falar com ela ao telefone.Contiuamos morro acima e depois morro abaixo. Nem defesa civil, nem ninguém para orientar o povo.Tudo meio sinistro.Encontramos a donzela que vinha ao nosso encontro, uma hora depois de largar o carro na beira da estrada.Voltamos por outro caminho, dessa vez meio que orientados por dois garotos/soldados, totalmente desequipados, sem uma corda, sem água para beber...etc...etc..Chegamos bem.Estamos no Rio.A casa está bem. Difícil vai ser chegar lá nas próximas semanas. A estrada foi embora...e nem disse adeus. Cruel!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Salário de patacas e merrecas para o povo feliz desse nosso país


Freitas - o último lambe lambe de Porto Alegre - fotos daniel de andrade simões