Ave noturna, ave do entardecer, quando o sol começa arrumar o travesseiro para dormir, ouve-se seu canto à distância. É o vento chegando para trazer más notícias. A vó Safira levanta-se para receber a nova lista que chega. Uns com mortes já anunciadas, outros chegam de surpresa, sem anúncio e ainda com sangue e corpo quente. Aconteceu ainda agorinha,... fala como se fosse uma senha. Ela transforma-se em ave, vai para a cumeeira e inicia seu canto triste. Fala com os recém chegados, cobrindo com suas asas mornas. Acalma cada um que se aproxima.Transforma cada um em ave do sertão...
O tempo passa rápido, são muitos na lista, parece que vive-se de morte a vida, mas...há lugar para todos, parentes, amigos e mesmo para loucos e desprotegidos, assim segue, seu canto anunciando as estações. Elas mudam como o vento. Quando chega o frio, vem o inverno, quente é o verão da seca, estação que trará mais hóspedes.Vento morno, é hora de visitas, à tardinha, hora triste do adeus. Ouve-se sempre o canto de agouro, anunciando o buraco feito. É a vó Safira incansável. Quando alça vôo, sente a magnífica obra da natureza, o verde aéreo dos coqueiros, cajueiros e jaqueiras, recortando o azul do céu. Do alto, vê as curvas empoeiradas, o calor faiscante do chão. Se mais não sobe não é por cansaço nas asas, é por não caber maior quantidade de medo ao criador. No sertão ronda o perigo. É preciso evitar a morte matada. O matador anda nas estradas, lava seu corpo no riacho, mas sua alma continua suja e podre !
texto e foto daniel de andrade simões
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Uma Saída pelo Consumo
Hoje, com a metade da humanidade situada abaixo da linha de pobreza, já se consome 20% a mais do que a Terra consegue renovar. Se a população do mundo passasse a consumir como os americanos, seriam necessários mais três planetas iguais a este para garantir produtos e serviços básicos como água, energia e alimentos para todo mundo.
Sendo impossível arranjar mais três Terras, nem os americanos poderão continuar com o mesmo modelo de consumo, nem a população mundial poderá adotá-lo. A única saída é todos adotarmos padrões de produção e de consumo sustentáveis. Para os países ricos, isso significa, por exemplo, procurar fontes de energia menos poluidoras, diminuir a produção de lixo e reciclar o máximo possível, além de repensar sobre quais produtos e bens são realmente necessários para alcançar o bem-estar. Aos países em desenvolvimento, que têm todo o direito a crescer economicamente, cabe o desafio de não repetir o modelo predatório e buscar alternativas para gerar riquezas sem destruir florestas ou contaminar fontes de água.
Nesse processo o consumidor consciente tem um papel fundamental. Nas suas escolhas cotidianas, seja pela escolha de empresas das quais vai comprar em função de sua responsabilidade social, pode ajudar a construir uma sociedade mais sustentável e justa.
Disse o filósofo Bertrand Russel : “Ficar sem algumas coisas que você quer é parte indispensável da felicidade”
foto daniel de andrade simões
Sendo impossível arranjar mais três Terras, nem os americanos poderão continuar com o mesmo modelo de consumo, nem a população mundial poderá adotá-lo. A única saída é todos adotarmos padrões de produção e de consumo sustentáveis. Para os países ricos, isso significa, por exemplo, procurar fontes de energia menos poluidoras, diminuir a produção de lixo e reciclar o máximo possível, além de repensar sobre quais produtos e bens são realmente necessários para alcançar o bem-estar. Aos países em desenvolvimento, que têm todo o direito a crescer economicamente, cabe o desafio de não repetir o modelo predatório e buscar alternativas para gerar riquezas sem destruir florestas ou contaminar fontes de água.
Nesse processo o consumidor consciente tem um papel fundamental. Nas suas escolhas cotidianas, seja pela escolha de empresas das quais vai comprar em função de sua responsabilidade social, pode ajudar a construir uma sociedade mais sustentável e justa.
Disse o filósofo Bertrand Russel : “Ficar sem algumas coisas que você quer é parte indispensável da felicidade”
foto daniel de andrade simões
naVegar
Não se apresses sábado ...
Amanhã será domingo
Na segunda descansarás
Não se canse segunda
amanhã será terça
véspera de quarta, próximo de quinta
Na sexta a feira trará novo sábado
e novamente domingo
para segunda descansar
Então meu camarada, correndo tentando chegar antes ?
Parado esperando domingo chegar ?
E esta terra de segundas, terças...
De quintas ...
E daí ?...
Ontem foi dia de segunda
Foi ?...
Meu relógio diz ser hora
De pensar
Ou não... ?!...
Amanhã será domingo
Na segunda descansarás
Não se canse segunda
amanhã será terça
véspera de quarta, próximo de quinta
Na sexta a feira trará novo sábado
e novamente domingo
para segunda descansar
Então meu camarada, correndo tentando chegar antes ?
Parado esperando domingo chegar ?
E esta terra de segundas, terças...
De quintas ...
E daí ?...
Ontem foi dia de segunda
Foi ?...
Meu relógio diz ser hora
De pensar
Ou não... ?!...
texto e foto daniel de andrade simões
domingo, 16 de dezembro de 2007
Ceramistas de Rio Real - Aurinha de Rio Real
Da Cultura luso-indígena, nasce a cerâmica
do Município de RIO REAL - BA
Município fundado há mais de 350 anos. Seus habitantes na sua maioria de origem indígena fizeram da cerâmica parte do seu cotidiano, principalmente para o transporte e armazenagem da água potável.
O barro usado na fabricação de moringas, pratos, potes, panelas e purrões (objetos onde se armazenam até hoje alimentos tipo farinha de mandioca e grãos), retirado em brejos da região é considerado um dos melhores do nordeste para este tipo de cerâmica.
À rusticidade destes utensílios, somou-se a arte decorativa portuguesa, fazendo disto uma atividade principalmente feminina, que vem sendo transmitida entre as mulheres das mesmas famílias.
Mantém-se até hoje a forma artesanal, usando somente as mãos, cascas, castanhas ou uma faca rudimentar, para fabricação dos objetos em barro. As ceramistas da região,como D.Tidinha, Aurinha, Livramento e outras já receberam prêmios nacionais e são reconhecidas como artistas, dada a sua criatividade.
foto daniel de andrade simões
texto stella petrasi
do Município de RIO REAL - BA
Município fundado há mais de 350 anos. Seus habitantes na sua maioria de origem indígena fizeram da cerâmica parte do seu cotidiano, principalmente para o transporte e armazenagem da água potável.
O barro usado na fabricação de moringas, pratos, potes, panelas e purrões (objetos onde se armazenam até hoje alimentos tipo farinha de mandioca e grãos), retirado em brejos da região é considerado um dos melhores do nordeste para este tipo de cerâmica.
À rusticidade destes utensílios, somou-se a arte decorativa portuguesa, fazendo disto uma atividade principalmente feminina, que vem sendo transmitida entre as mulheres das mesmas famílias.
Mantém-se até hoje a forma artesanal, usando somente as mãos, cascas, castanhas ou uma faca rudimentar, para fabricação dos objetos em barro. As ceramistas da região,como D.Tidinha, Aurinha, Livramento e outras já receberam prêmios nacionais e são reconhecidas como artistas, dada a sua criatividade.
foto daniel de andrade simões
texto stella petrasi
Vou Voar - Paris
foto daniel de andrade simões
Vou cuidar sem cuidar
Vou cuidar sem cuidar
Vou voar
vou direto ao passado
espero sem esperar
sonho sem acordar
duvido por duvidar
pesco sem rio ou mar
vivo a vida
sem pressa de chegar
na chegada sou faceiro
guardo tudo no meu embornal
versos poemas e esperanças
disfarçado no cajueiro
fico quieto sem prejudicar a espera
se cavalgo vou adiante
com meu cinto e cartucheira de poemas
texto e foto daniel de andrade simões
vou direto ao passado
espero sem esperar
sonho sem acordar
duvido por duvidar
pesco sem rio ou mar
vivo a vida
sem pressa de chegar
na chegada sou faceiro
guardo tudo no meu embornal
versos poemas e esperanças
disfarçado no cajueiro
fico quieto sem prejudicar a espera
se cavalgo vou adiante
com meu cinto e cartucheira de poemas
texto e foto daniel de andrade simões
sábado, 15 de dezembro de 2007
Ateu
Esta falsa inata aparência
Este desconhecido de parto
Este nó que nem espelho desata
Este querer antes de estar morto
Este eu que busco e não canso
Algo que no final da curva diga
Mesmo bem velho alcanço
Antes que me alcance a fadiga indago
Qual será o nome de Deus ?
Qual será o nome do pai ?
Quem sou entre tantos eus ?
O nada quando o véu da ilusão cai ?
Vivo na fé de todos ateus
Quando ao final a vida se esvai
Este desconhecido de parto
Este nó que nem espelho desata
Este querer antes de estar morto
Este eu que busco e não canso
Algo que no final da curva diga
Mesmo bem velho alcanço
Antes que me alcance a fadiga indago
Qual será o nome de Deus ?
Qual será o nome do pai ?
Quem sou entre tantos eus ?
O nada quando o véu da ilusão cai ?
Vivo na fé de todos ateus
Quando ao final a vida se esvai
Rio Real - João Moreira Sobrinho, pai do fotógrafo Daniel (João barbeiro de Rio Real-Ba)
Já não contavas comigo e à noite ao cair da noite
eis-me aqui compadre
ao baixar do pingo...
Diga as gentes
àquelas que ainda pranteiam
minha súbita partida
que hora sendo chegada
fica um pouco promulgada
hora de fraternidade
Pode, quem quiser, passar
dar a volta na cidade !
Mas depois
nada garanto,
Isso não depende de mim
sabes?
Isto é tempo de reforma,
deixemos por ora assim !
Wilson Barbosa ( poesia)
foto daniel de andrade simões
eis-me aqui compadre
ao baixar do pingo...
Diga as gentes
àquelas que ainda pranteiam
minha súbita partida
que hora sendo chegada
fica um pouco promulgada
hora de fraternidade
Pode, quem quiser, passar
dar a volta na cidade !
Mas depois
nada garanto,
Isso não depende de mim
sabes?
Isto é tempo de reforma,
deixemos por ora assim !
Wilson Barbosa ( poesia)
foto daniel de andrade simões
terça-feira, 16 de outubro de 2007
naVegar
Fim de semana, sol, alegria com família, frio, mar, areia, ouvir e ver os pássaros, vizinhos, crianças, fresco bola, pesca, cavalgar, surfar, andar, correr, passear a beira mar, água doce e salgada, aprumar a espinha, pedalar correr, nadar. Esquecer tudo... Ser elemento fogo, elemento água, elemento praia. Nós terráqueos, ... presentes! Queremos viver a vida sem comer de colher grande, viveremos mesmo assim, plenamente. Ajude e se ajude a viver, algumas idéias são boas e necessárias: não ponha carro ou moto nas dunas. Lá vivem as corujas e tuco-tucos, cobras e lagartos, indispensáveis ao equilíbrio da vida e do eco sistema.Vamos cuidar disso que é bom para saúde de todos. Disse o Professor Lutz. Plantar casuarinas traz azar, má sorte e atraso em qualquer projeto de vida. Foi provado em laboratório que as casuarinas fazem mal, acelera a freqüência cardíaca. Plante árvores nativas.Vamos fazer nossa lixeira distante do alcance dos animais. Não use os postes de luz. Dificulta os trabalhos da CEEE e de outros profissionais, além de acelerar o apodrecimento da madeira. Recolha o lixo em volta da casa e da rua. Vamos viver e deixar que os outros também vivam. Somos responsáveis pelo que consumimos e pelo lixo produzido para viver nesse mundo detonador e aparentemente fácil. NÃO VAMOS ESGOTAR A VIDA DO PLANETA TERRA. SEM ÁGUA NINGUÉM SOBREVIVE. Nosso planeta é composto por 70% de água e 30% de terra. Desta água 2,5 é água doce, somente 0,3% é própria para consumo, é... água é o maior bem, e a maior riqueza. Muitos paises estão pobres e morrendo, parte do planeta vem definhando. Toda fonte de energia é esgotável, o conforto industrial tem sido repensado. Nossos hábitos de consumo são os maiores vilões. Os comedores de vidas são engendrados nas indústrias, na combustão para impulsionar nossas máquinas que aparentemente nos trazem conforto e status. Como disse o poeta Mario Quintana “não corra atrás das borboletas, cuide do jardim, elas virão até você”.
texto e foto: daniel de andrade simões
texto e foto: daniel de andrade simões
domingo, 14 de outubro de 2007
Zidane e Sua Marrada - Navegar
Para muitos, cabeçada. Zizu aprendeu e praticou no curral. Nosso herói, íntimo amigo dos caprinos, ovinos e bovinos. Por irritação, de repentemente, vê sua camisa da seleção francesa puxada e esticada. Olham-se e trocam palavras que arrastam mágoas e para dispersar o clima de guerra, atira na direção da Itália alguma ironia a la Zizu. Diz: “ta querendo minha camisa, é ... no final da partida eu te dou de presente! Nesse momento existia entre os dois..., uma força cansada, desgastada, suada, batalhada e arrasada. Alimentado com leite de cabra Zizu é bravo, é forte. Corre um pouquinho para frente do seu adversário italiano, põe um pé na frente do outro para alavancar, estica o pescoço, que sustenta uma cabeça e careca reluzente. Dá uma marrada certeira no peito, derrubando Materazzi . Ele Zidane não admite jamais, ser chamado de pé preto, pé grande, “pied noir” ofensa à sua família, ao seu povo. Dizem que seu pai se rendeu e colaborou com o exército francês. Pensando de outra maneira, como ucraniano talvez Zidane, depois de sentir puxada sua camisa, passa na frente do seu oponente, vê um enorme italiano, vem na sua cabeça um cineminha “ rouge” argelino. Ele Zidazidane, se via numa fazenda de criação de boi zebu. Bois vindos da Espanha – poupados na arena. O avô Zida, pai do Zizu, além de soldado, lutou na resistência espanhola, lá ensinou Zizu – que ensinou nosso herói Zidane. Este fato aconteceu na copa do mundo da Alemanha unificada de 2006. Assim nosso herói ensinou ao mundo que nem só de bola vive o futebol.
Antes só existiam cabeçadas na bola. Lá nas montanhas aprendeu, marradas e brincadeiras do bode. Voa lá,... allez ZIDAZIDANE, o bom de marrada, o bom de bola !
Hexa amarelo merda! Não esqueceremos talvez ... Arrreeentinos !!! Marrada e futebol aprende-se, “papagaio fala, mas não escreve”. Allah vendo que todos humanos gostam de brincar e por ser bonzinho, Allah mandou a natureza dar também bola ao homem e a mulher. Bola hoje é o maior brinquedo da humanidade. Foi uma boa idéia, a terra também é “ronde”. Pois é, ... não ganhou o Crânio nem Ucrânia, o gurizinho vaticinou: “ A Ucrânia deve ganhar por ter crânio”...
texto e foto: daniel de andrade simões
Antes só existiam cabeçadas na bola. Lá nas montanhas aprendeu, marradas e brincadeiras do bode. Voa lá,... allez ZIDAZIDANE, o bom de marrada, o bom de bola !
Hexa amarelo merda! Não esqueceremos talvez ... Arrreeentinos !!! Marrada e futebol aprende-se, “papagaio fala, mas não escreve”. Allah vendo que todos humanos gostam de brincar e por ser bonzinho, Allah mandou a natureza dar também bola ao homem e a mulher. Bola hoje é o maior brinquedo da humanidade. Foi uma boa idéia, a terra também é “ronde”. Pois é, ... não ganhou o Crânio nem Ucrânia, o gurizinho vaticinou: “ A Ucrânia deve ganhar por ter crânio”...
texto e foto: daniel de andrade simões
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
O Canto da Saitica
Na foto, a vó Safira. Muitas vezes ela ouviu o canto de agouro da saitica. Seu canto, exige sacrifício, a morte de um alguém. Muitos já se foram, ela não, continua viva por lá...nas cumeeiras esfriando corpos de crianças e adultos. João, José Raquel e Francisco,Domingos... ela já chamou. Esfriou suas almas. Às vezes aparece ao anoitecer, aí meu amigo...tudo fica medonho, o vento sopra quente. As mangueiras se encolhem, os coqueiros diminuem de tamanho, se acocoram.O vento rodopia no terreiro em forma do cão. O calafrio invade, paralisa todo mundo, não se enxerga quem está do nosso lado, nessa hora ela desce da cumeeira. Vem nos olhar de perto. A gente sente seu cheiro de alecrim em tempo de chão molhado. Nos toca com seu bico nos escolhendo. Sua mortalha de seda nos cobre. Transforma a gente em saitica. Passamos a ser mais uma, ... no telhado fazendo agouro. Velando de véspera o próximo...no dia seguinte, acordamos cedo para despertar o sol. À tardinha ela canta no ritmo da sombra, como se marcasse o tempo sem pressa ...
Assim viraram nossos parentes. A vó Safira, canta chamando os desgarrados. Misto de água, misto de sentimentos, misto de frio, de sonhos puro de nada.
daniel de andrade simões
Assim viraram nossos parentes. A vó Safira, canta chamando os desgarrados. Misto de água, misto de sentimentos, misto de frio, de sonhos puro de nada.
daniel de andrade simões